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Ricardo Costa fecha em grande o Cascais Gastronómica 2017

por Raul Lufinha, em 06.01.18

Ricardo Costa e Bruno Antunes

Ricardo Costa e Bruno Antunes

Os três dias da edição inaugural do Cascais Gastronómica encerraram com um jantar de grande nível assinado por Ricardo Costa, chef do THE YEATMAN, restaurante gastronómico com duas estrelas Michelin integrado no emblemático hotel vínico que lhe dá o nome.

Tendo a seleção de vinhos ficado, mais uma vez, a cargo do escanção residente do festival, Bruno Antunes, da Wine Man.

Cascais Gastronómica 2017

Cascais Gastronómica 2017 | Tal como já tinha sucedido com Tiago Bonito (LARGO DO PAÇO), Alexandre Silva (LOCO), Miguel Laffan (L’AND), Henrique Sá Pessoa (ALMA) e Pedro Lemos (PEDRO LEMOS), também o chef Ricardo Costa subiu ao palco do Cascais Gastronómica 2017, no Centro de Congressos do Estoril, para apresentar à sala cada uma das suas criações. Tendo depois o sommelier Bruno Antunes explicado a sua correspondente sugestão de harmonização.

Centro de Congressos do Estoril

Centro de Congressos do Estoril | A sala criada para receber as seis refeições da primeira edição do Cascais Gastronómica.

Marisqueira, Tremoço, Abacate, Coentros + Estrella Damm Lager

Marisqueira, Tremoço, Abacate, Coentros + Estrella Damm Lager | Para começar o jantar com uma cerveja, Ricardo Costa trouxe uma adaptação de uma refrescante entrada que entretanto acabou por retirar da carta do THE YEATMAN, pois era incompreendida pelos estrangeiros, que a achavam demasiado forte e intensa… mas que estava maravilhosa! E ligava muito bem com a Estrella Damm. Com efeito, para além do sabor a marisco e do amargor da cerveja, na criação de Ricardo Costa brilhava ainda um poderoso creme de tremoço e uma espuma de bivalves, em especial lingueirão! Aos quais o chef do THE YEATMAN acrescentava também o crocante do amendoim! Excelente!

Um complemento à Entrada

A surpresa de existir... um complemento à Entrada | Contudo, o melhor ainda estava para vir! É que, como complemento à “Marisqueira”, Ricardo Costa preparou a surpresa de servir um arrebatador segundo momento, que atualmente serve como aperitivo no THE YEATMAN: lingueirão; ovo de codorniz cozido a baixa temperatura; presunto; puré de feijoada e também um apuradíssimo molho de feijoada; crocante de maçã; e, fazendo a ponte com a primeira parte da entrada, a mesma espuma de bivalves! Excelente!

Leitão Tropical, Papaia, Manga, Galanga

Leitão Tropical, Papaia, Manga, Galanga | Ricardo Costa é de Aveiro e trabalha sempre muito bem o leitão. Desta vez, resolveu enquadrá-lo… numa elegante sopa tailandesa! Ou seja, como sempre acontece com o chef do THE YEATMAN, temos o leitão irrepreensível, naquele registo bairradino, muito saboroso, com a pele bem tostada e crocante! Mas agora temos igualmente lavagante! Mais manga! E mais papaia! E também espuma de lima! E ainda uma sopa picante feita com galanga, o chamado “gengibre tailandês”. Ou seja, temos o registo tradicional da Bairrada de comer o leitão com molho picante – embora o “molho” aqui seja antes uma sopa (!) e o picante não venha tanto da pimenta mas antes do tal gengibre! Brutal! Absolutamente brutal! Um prato para repetir muitas vezes!

Quinta do Monte Travesso Reserva Branco 2016

Quinta do Monte Travesso Reserva Branco 2016 | Para a montanha-russa de sabores que é este Leitão Tropical de Ricardo Costa, Bruno Antunes escolheu um branco do Douro jovem, muito vivo e com uma acidez vibrante, mas também bastante saboroso, produzido por Bernardo Nápoles de Carvalho a partir da vinha velha da Quinta do Monte Travesso, em que predominam as castas Gouveio, Viosinho e Rabigato, tendo fermentado em barricas com battônage.

Polvo, Carabineiro, Molho à Bordalesa, Ouriço-do-mar

Polvo, Carabineiro, Molho à Bordalesa, Ouriço-do-mar | Outro grande momento de Ricardo Costa! Junta no mesmo prato o carabineiro, o polvo e o ouriço-do-mar! E depois envolve-os num poderoso molho de vinho… tinto!

Bruno Antunes, o Branco e o Tinto

Bruno Antunes, o Branco e o Tinto | Perante isto, branco ou tinto? Inicialmente, seria branco – como, pela descrição à distância que Ricardo Costa tinha feito do prato, o molho teria apenas um pouco de vinho tinto, Bruno Antunes pensou que o polvo e, em especial, o carabineiro e o ouriço-do-mar impor-se-iam, de modo a pedir branco. Porém, já no Cascais Gastronómica, quando foi fazer o teste final das harmonizações, Bruno Antunes deu-se conta da enorme complexidade do prato de Ricardo Costa e da presença marcante do vinho tinto no molho e consequentemente no prato! Pelo que tomou então a inteligente decisão de antecipar o tinto da vitela, de modo a servir dois vinhos, um branco e um tinto! O que teve um efeito notável: pôs toda a sala a discutir a comida, os vinhos e a ligação entre a comida e os vinhos! Pôs toda a gente a pensar naquilo que estava a comer e a beber. E a opinar sobre qual seria a melhor harmonização. Na nossa mesa, ganhou o tinto. Mas isso não foi o mais importante. O mais bonito foi a discussão que se gerou e a troca de ideias que aconteceu. Na verdade, quem ganhou fomos todos nós!

Sanduíche de Vitela

Sanduíche de Vitela

Sanduíche de Vitela

Sanduíche de Vitela | Passando para a carne, chega uma tão complexa quanto deliciosa “sandes”… para comer à mão!

Costa SW Reserva Tinto 2012

Costa SW Reserva Tinto 2012 | Tendo este requintado momento de finger food sido acompanhado pelo rico e complexo Costa SW Reserva tinto de 2012 do sul da Península de Setúbal, junto à costa, feito a partir de Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Touriga Franca, com um estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês e já vários anos em garrafa.

Vitela de Leite, Lombo, Tutano, Tendão

Vitela de Leite, Lombo, Tutano, Tendão | Porém, Ricardo Costa tinha mais uma surpresa preparada! É que afinal a “sandes” era apenas um aperitivo! A seguir chegou um segundo momento! E que, na verdade, foi o momento principal! Com efeito, como é habitual nos pratos de carne do chef do THE YEATMAN, havia um enorme contraste entre os sabores e as texturas! Ou seja, os sabores, em especial os da vitela, são poderosos, intensos, profundos, bastante puxados! Já as texturas, a da tenríssima vitela, bem como as dos cogumelos girolles e do puré de aipo, são de uma enorme delicadeza e suavidade! Excelente!

Costa SW Reserva Tinto 2012

Costa SW Reserva Tinto 2012 | Para o segundo momento da vitela de Ricardo Costa, Bruno Antunes manteve – e bem – o tinto inicial: um prato poderoso pede um vinho complexo, com volume de boca e boa estrutura!

Cenoura

Cenoura | Passando para o lado mais doce do jantar, Ricardo Costa começou por apresentar uma extraordinária sobremesa feita apenas com cenoura – somente cenoura, trabalhada em diversas texturas. Na base, cenoura macerada, como se fosse xarope. Depois, cenoura picada. Espuma de cenoura. Água de cenoura crocante. E no topo, do produtor de Amarante que fornece o THE YEATMAN, uma micro cenoura biológica.

Burmester Tawny 20 Anos

Burmester Tawny 20 Anos | Para uma sobremesa com notas mais envolventes e xaroposas, Bruno Antunes escolheu o sedutor Tawny 20 Anos da Casa Burmester, num excelente compromisso entre a frescura e a exuberância dos aromas.

Mirtilos

Mirtilos | Por último, conforme anunciou Ricardo Costa, “os nossos mirtilos!”. Mirtilos inteiros confitados. Mirtilos em mousse. Mirtilos em creme. Mirtilos em merengue. E depois, em contraste, um cremoso gelado de queijo mascarpone e um creme de baunilha. Sendo tudo finalizado com zest de lima-kaffir.

Vieira de Sousa LBV 2012

Vieira de Sousa LBV 2012 | Chegados às sobremesas, verificou-se que, tal como os treinadores de futebol gostam que os seus jogadores pensem jogo-a-jogo, também Bruno Antunes nos pôs a pensar prato-a-prato – ou seja, pôs-nos a pensar na harmonização da respetiva sobremesa, sem que nos preocupássemos com a harmonização anterior ou com a seguinte. De facto, depois de um Tawny 20 anos, o caminho mais lógico poderia ser um Porto ainda mais antigo e concentrado. Porém, a segunda sobremesa de Ricardo Costa não ia por aí – a acidez dos mirtilos era demasiado viva. Pelo que o sommelier do Cascais Gastronómica, de modo a continuar nos Vinhos do Porto, em boa hora passou para um LBV, apostando num registo mais jovem e com mais fruta madura, fruta encarnada, e em que aguardente (que dá luta à acidez do mirtilo e à gordura do mascarpone) também está mais presente. O que ligou na perfeição com a composição de mirtilos de Ricardo Costa!

A equipa do THE YEATMAN

A equipa do THE YEATMAN | No final do jantar, houve ainda tempo para Ricardo Costa apresentar a equipa que trouxe do Porto.

Ricardo Costa

Ricardo Costa | E a satisfação do chef por ter fechado o Cascais Gastronómica com um jantar de grande nível!

 

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publicado às 00:11

Heinz Beck… também é escanção

por Raul Lufinha, em 15.12.16

Sérgio Antunes, Ricardo Morais, Teresa Barbosa, Miguel Martins, Heinz Beck 3***, João Chambel, António Lopes, Nuno Jorge

Sérgio Antunes, Ricardo Morais, Teresa Barbosa, Miguel Martins, Heinz Beck 3***, João Chambel, António Lopes, Nuno Jorge

Um dos méritos dos festivais gastronómicos do Conrad Algarve é – muito justamente – o destaque dado aos escanções.

Mas tal não sucede por acaso.

Na verdade, poucas pessoas sabem mas o próprio Heinz Beck, para além da enorme sensibilidade que tem para os vinhos, é efetivamente um sommelier certificado!

Heinz Beck também é escanção!

Com efeito, o chef alemão chegou ao LA PERGOLA do Rome Cavalieri Waldorf Astoria em 1994.

E no ano em que recebeu a primeira estrela Michelin – 1996 – iniciou em Roma um curso de escanção de dois anos na Associazione Italiana Sommelier, que concluiu com sucesso em 1998…!

Entretanto receberia pela primeira vez a segunda estrela Michelin em 2001 e a terceira em 2005 – continuando ainda hoje a ser o único três estrelas da capital italiana.

Mas manteve sempre, em paralelo, a paixão pelo vinho!

E o carinho pela nobre arte de ser escanção!

Antes do jantar, os escanções fizeram a prova dos pratos e dos vinhos… e testaram as harmonizações

Antes do jantar e nos bastidores, os escanções fizeram a prova dos pratos e dos vinhos… e testaram as harmonizações

Pelo que, nos festivais gastronómicos que decorrem no Conrad Algarve, o GUSTO by Heinz Beck é sempre um palco privilegiado para os sommeliers mostrarem o seu saber e a grande mais-valia que acrescentam a uma refeição.

Aqui ficando uma recordação dos sete escanções que participaram no jantar ‘Beck, Bosi & Casagrande’ de encerramento do Gourmet Culinary Extravaganza de 2016, pela ordem de entrada em cena.

 

António Lopes

António Lopes | Champagne Janisson Baradon Brut, para as boas-vindas e também para acompanhar o tártaro de lírio com gaspacho verde que Heinz Beck serviu como amuse-bouche

 

António Lopes

António Lopes | Villa Oeiras Carcavelos, vinho generoso de uma região histórica, para acompanhar o foie gras de Heinz Beck

 

IMG_5906.JPG

Nuno Jorge | Quinta de Santiago Reserva Alvarinho branco 2014, com o atum de Heinz Beck

 

Miguel Martins

Miguel Martins | Royal Palmeira Loureiro branco 2012, com o lagostim de Paolo Casagrande

 

Teresa Barbosa

Teresa Barbosa | Pato Rebel branco 2011, com o risotto de beterraba de Paolo Casagrande

 

Ricardo Morais

Ricardo Morais | Manz Rosé 2015, com a lagosta de Claude Bosi

 

João Chambel

João Chambel | Duvalley Grande Reserva Tinto 2011, com o veado, os cogumelos, as castanhas e as trufas de Heinz Beck

 

Sérgio Antunes

Sérgio Antunes | Vieira de Sousa 10 Years Tawny Port, com a tarte de cogumelos que Claude Bosi apresentou como sobremesa

 

Ver também:

Heinz Beck extravagante no Conrad Algarve 

 

GUSTO by Heinz Beck

Hotel Conrad Algarve, Estrada da Quinta do Lago, Portugal

Chef Heinz Beck, Chef Residente Daniele Pirillo

 

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publicado às 00:36

Conversa à volta de vinhos doces… com Tomás Caldeira Cabral

por Raul Lufinha, em 19.12.13

Tomás Caldeira Cabral

O programa do Mercado de Vinhos do Campo Pequeno, em Lisboa, incluiu uma série de interessantes iniciativas paralelas.

Entre elas, uma prova comentada de vinhos doces portugueses conduzida por Tomás Caldeira Cabral...

... que se transformou numa longa e animada conversa sobre o que de melhor se faz em Portugal.

Foram cinco os vinhos provados.

Mas muitos mais os que foram falados e debatidos.

Tudo começou com um Colheita Tardia. Depois, um Moscatel Roxo. A que se seguiu o quase desconhecido Chico Maria, da Ilha Terceira, nos Açores. Tendo continuado com um Porto Branco 10 anos. Para terminar com um LBV de 2007.

Olho no Pé Colheita Tardia Douro 2010, Moscatel Roxo Xavier Santana 2009, Chico Maria, Vieira de Sousa Porto Branco 10 anos, Quinta do Noval Unfiltered LBV 2007

 

Sem dúvida, mais uma grande sessão de aprendizagem e troca de ideias.

 

Ver também:

Tomás Caldeira Cabral e os cursos de iniciação à prova de vinhos

 

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publicado às 01:43


Partilha de experiências e emoções gastronómicas

Raul Lufinha

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