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The Vessel, novo ícone da cidade de Nova Iorque — uma escultura, em forma de vaso e de favo de mel…
… na qual podemos entrar e subir até ao topo dos seus 16 andares…
... através de um complexo sistema de escadas e plataformas
Tendências que se apanham de uma semana em Nova Iorque:
– Nova cozinha coreana. Neste momento, é a cozinha mais forte da cidade. David Chang cozinha cada vez menos mas continua a lançar novos projetos e conceitos, que deixam um enorme lastro na cidade (embora o seu espaço mais interessante ainda seja o 2** MOMOFUKU KO). Contudo, apesar de também proliferarem ‘steakhouses’ e BBQ coreanos, os restaurantes mais estimulantes são aqueles em que a cozinha coreana é apenas o ponto de partida para abordagens mais criativas: JUNGSIK (2**), do pioneiro chef Jung Sik Yim; ATOMIX (novo 2** 2020) e o informal ATOBOY, ambos do chef Junghyun Park; KĀWI, assinado pela chef Eunjo Park, o mais recente do grupo MOMOFUKU; e o novíssimo KOCHI, do chef Sungchul Shim (ex-PER SE, LE BERNARDIN e NETA), aberto em novembro; entre muitos outros, que a oferta é bastante grande.
– Esgotamento da armada espanhola. Prometia muito o projeto nova-iorquino do mediático chef José Andrés com os irmãos Albert e Ferran Adrià – os três tinham trabalhado juntos no EL BULLI – mas infelizmente, afinal, o resultado foi um MERCADO LITTLE SPAIN que, confirmando o esgotamento criativo da armada espanhola, é apenas um enorme ‘food hall’ dedicado aos produtos tradicionais espanhóis – muitas ‘barras’ com ‘tapas’, presuntos, queijos, ‘tortillas’, ‘pasteles’, ‘churros’... Enfim, foi o melhor novo restaurante do ano para o crítico do NYT, mas não deixa de ser um mero ‘food hall’ para ‘tapear’ com música espanhola altíssima…
– Hudson Yards. Não é apenas um novo centro comercial (inaugurado em 2019, com muitos restaurantes, incluindo o KĀWI e o MERCADO LITTLE SPAIN). É todo um novo bairro, um enorme projeto imobiliário, junto à High Line e ao rio Hudson, que continuará a crescer nos próximos anos. E que deu desde já um novo símbolo à cidade, o Vessel, uma escultura onde podemos entrar e que é de visita obrigatória – o bilhete é gratuito mas tem que ser obtido ‘online’.
– Fermentados. Uma tendência em alta. Por influência nórdica. E também pelos coreanos – que fazem muito mais do que apenas kimchi.
– ‘Vegetable-forward’ a perder fulgor. Por cá, ainda não terá atingido o auge. Mas em Nova Iorque, onde estas modas chegam mais cedo, já está tudo a voltar ao que era antes. A prioridade – ou o mais importante – está a ser novamente a carne e o peixe. Muito peixe.
– Padaria nórdica. As padarias europeias já estavam na moda. Mas a grande novidade de 2019 foi a padaria nórdica. Em especial, devido à dinamarquesa OLE & STEEN, que está em forte expansão pela cidade.
– Padeiros. O pão continua em alta. E a tendência de os restaurantes fazerem o seu próprio pão é cada vez mais forte. De tal forma que, num desenvolvimento bastante significativo, para além de pasteleiros, os melhores restaurantes também têm padeiros. Efetivamente, a padaria é a arte do padeiro. De tal forma que ter um padeiro na equipa permite celebrar ainda melhor o pão. Sendo igualmente um sinal exterior da qualidade de um restaurante – se, para além do escanção, do barman e do pasteleiro, o restaurante diz que também tem um padeiro, então não pode ser um mau restaurante!
– Balcões. Continuam em alta. Os novos restaurantes, para além das mesas, têm sempre um balcão. E continuam a abrir novos projetos exclusivamente no formato balcão.
– Chefes presentes. Durante o dia, os chefes até podem ter as suas vidas. Mas nunca como este ano encontrámos tantos chefes presentes nos seus restaurantes à hora do serviço.
Em ‘cash’, só as gorjetas
– ‘Cashless’. São cada vez mais os estabelecimentos que só aceitam pagamentos com cartão. Restaurantes, padarias e bares, mas também lojas.
– Vinhos diferentes. Aqui o ponto não é se é natural ou não. Seja ou não natural, o que se nota é uma grande curiosidade pelo que é diferente. Por exemplo, do Mosel, ir além do clássico Riesling e descobrir castas como a histórica Elbling. Ou então experimentar castas… portuguesas – no ATOMIX, o vinho que atualmente abre o ‘wine pairing’… é dos Açores!
– ‘Wifi’ descodificado. Cadear o ‘wifi’ é da década passada. Quando muito, os restaurantes pedem-nos um ‘e-mail’ – para nos enviarem publicidade.
– Faixas ‘BUS’ e ciclovias. O alcatrão de NY ganhou cor. Agora, um pouco por toda a cidade, há faixas ‘BUS’ encarnadas e ciclovias verdes.
– Especulação imobiliária. Os lisboetas queixam-se do imobiliário, mas não há cidade com tanta dinâmica imobiliária como NY – aliás, foi o imobiliário que fez daquela ilha, que não pode crescer para nenhum lado exceto para cima, uma capital do mundo. E até o nosso Siza Vieira está a construir uma torre em Manhattan. De modo que o imobiliário continua a ser a principal causa de encerramento de restaurantes na cidade. Mas a verdade é que, depois, os novos empreendimentos também acabam por ser locais privilegiados para a abertura de novos restaurantes!
611 West 56th Street – ainda em construção e antes de ser revestida com calcário branco…
… a torre desenhada por Álvaro Siza Vieira
Fotografias: Marta Felino e Raul Lufinha
Ver também:
Rita Neto e Rui Paula
A CASA DE CHÁ DA BOA NOVA, de Rui Paula, assume-se como um espaço essencialmente…
… gastronómico!
E na linha dos grandes restaurantes do mundo – seja o NOMA em Copenhaga ou o ELEVEN MADISON PARK em Nova Iorque, por exemplo – também proporciona aos seus clientes a inesquecível experiência…
… de uma visita guiada à cozinha!
É conduzida pelo chefe de sala Fernando Carrilho…
… e, para além de nos permitir entrar nos bastidores do restaurante e conhecer as áreas de acesso restrito da CASA DE CHÁ DA BOA NOVA…
… tem ainda a mais-valia adicional de nos possibilitar apreciar o outro lado do interior da extraordinária obra de arquitetura criada por Siza Vieira e classificada em 2011 como Monumento Nacional!
Uma surpresa na visita à cozinha
Contudo, Rui Paula vai mais além!
Na CASA DE CHÁ DA BOA NOVA a visita à cozinha não é apenas para ir espreitar os fogões, como por vezes sucede noutros espaços – não!
Aqui somos mesmo recebidos pela equipa que está a trabalhar nesse momento!
Fazendo ainda Rui Paula sempre questão de dar uma surpresa a provar!
Neste dia…
… para cortar os sabores intensos da feijoada à transmontana e antecipando as sobremesas que estavam para chegar…
… sobre umas explosivas peta zetas…
… a doçura do chocolate branco em contraponto a uma sedutora ganache, vegetal e agridoce, de morango e tomate!
Os grandes restaurantes definem-se pelos pormenores…
… e a visita guiada à cozinha da CASA DE CHÁ DA BOA NOVA é um deles!
À esquerda, a secção de pastelaria… e, ao fundo, Mauro Silva
António Vito Mauro, o italiano que faz o pão… preparando as azeitonas
Rui Paula 'levantando o véu'… do carrinho de queijos
Chef pasteleira Ana Cardoso… construindo as sobremesas
Em primeiro plano, a chef executiva Catarina Correia em ação
A cozinha, que Siza Vieira desenhou com um pé direito baixo (para a casa ficar bem integrada na paisagem) e muito comprida (ocupando toda a parte de trás do edifício, de uma ponta à outra da casa)
Rui Paula, o forno Josper… e o jantar da equipa
Terminando a visita com uma passagem pela garrafeira, a cargo do escanção Carlos Monteiro
(continua)
Ver também:
CASA DE CHÁ DA BOA NOVA: a alta cozinha de Rui Paula... e o traço genial de Siza Vieira
CASA DE CHÁ DA BOA NOVA | Av. da Liberdade, Leça da Palmeira, Matosinhos, Portugal | Chef Rui Paula
Os vidros das janelas começam a descer
De repente, a meio do almoço, com a sala completamente cheia e sem qualquer aviso prévio…
… os vidros das janelas da CASA DE CHÁ DA BOA NOVA…
… começam a descer!
Transformando o restaurante numa autêntica esplanada…
… e mostrando o quão perto se está do mar!
Durante alguns momentos, a sala do restaurante fica sem janelas e transforma-se numa esplanada
Com efeito, ao ativar esta funcionalidade, que já estava prevista no projeto original de Siza Vieira (!)…
… Rui Paula faz com que entre na sala, de forma inesperada e surpreendente…
… uma forte brisa marítima...
... o ar fresco do mar…
… o perfume da maresia…
… a luminosidade da praia…
… o som das ondas!
Brutal!
E depois os vidros começam a subir, regressando as janelas à posição inicial
Um grande momento…
… que deixa toda a sala rendida (!)...
... e a contemplar a beleza e a singularidade da localização da CASA DE CHÁ DA BOA NOVA, encaixada nas rochas e em cima do mar…
… bem como a genialidade do arquiteto Siza Vieira!
(continua)
Ver também:
CASA DE CHÁ DA BOA NOVA: a alta cozinha de Rui Paula... e o traço genial de Siza Vieira
CASA DE CHÁ DA BOA NOVA | Av. da Liberdade, Leça da Palmeira, Matosinhos, Portugal | Chef Rui Paula
A CASA DE CHÁ DA BOA NOVA vista do exterior
Muito discreta e completamente integrada na paisagem…
… só quando nos aproximamos é que nos damos conta de que existe…
… uma casa nas rochas!
A entrada
Construída entre 1958 e 1963, a partir de um projeto da autoria de Álvaro Siza Vieira, na altura um jovem arquiteto no início de carreira…
… a CASA DE CHÁ DA BOA NOVA acabou depois por ser deixada completamente ao abandono.
A sala do bar
Classificada em 2011 como Monumento Nacional…
… foi recuperada pela Câmara Municipal de Matosinhos, sob a supervisão de Siza Vieira…
… e concessionada a Rui Paula.
A sala de refeições
Tendo sido decorada com extremo bom gosto…
… num estilo clássico e intemporal…
… que nos convida a ficar!
Com vista para o mar... e para o horizonte
(continua)
Ver também:
CASA DE CHÁ DA BOA NOVA: a alta cozinha de Rui Paula... e o traço genial de Siza Vieira
CASA DE CHÁ DA BOA NOVA | Av. da Liberdade, Leça da Palmeira, Matosinhos, Portugal | Chef Rui Paula
Rui Paula
A CASA DE CHÁ DA BOA NOVA é um restaurante absolutamente fascinante!
Conjuga a melhor cozinha de sempre de Rui Paula, um chef em grande forma, focado nas suas memórias e naquilo que de bom o mar tem para dar, proporcionando a quem o visita uma inesquecível experiência gastronómica de altíssimo nível…
… com o génio de Álvaro Siza Vieira, arquiteto que no início da carreira desenhou uma casa luminosa encaixada nas rochas, dois metros acima do nível do mar, a qual viria a ser classificada em 2011 como Monumento Nacional.
Um restaurante obrigatório...
... para quem vai ao Porto e para quem vem a Portugal!
O 'Menu do Mar e da Terra' foi assim:
De repente, os vidros começam a descer!
A chegada ao restaurante CASA DE CHÁ DA BOA NOVA
CASA DE CHÁ DA BOA NOVA | Av. da Liberdade, Leça da Palmeira, Matosinhos, Portugal | Chef Rui Paula
Um copo… cheio de Siza
Ao longo da sua vida, o arquitecto Siza Vieira desenhou… copos, chávenas, colheres, uma casa de chá, moradias, piscinas, museus, uma pala, universidades, restaurantes, igrejas… e até uma adega – a Adega Mayor, em Campo Maior, a primeira adega de autor em Portugal, inaugurada em 2007.
Rita Nabeiro, Administradora da Adega Mayor...
Agora, o produtor alentejano retribuiu o gesto...
... e lançou o vinho Siza!
... com o Arquitecto Siza Vieira
Em homenagem ao traço minimalista do arquitecto, é um vinho de uma casta só – Alicante Bouschet.
Comendador Rui Nabeiro, Arquitecto Siza Vieira…
Mas não é um vinho qualquer – da colheita de 2009 (!), fermentou e estagiou 20 meses em barricas novas de carvalho francês… e depois apenas das melhores se fez este lote, que estagiou em garrafa até atingir a harmonia desejada.
… e o vinho Siza
Um grande vinho, um grande Alicante Bouschet alentejano – cor granada profunda, aromas vegetais e a fumo, notas de café e chocolate. Denso, complexo, concentrado.
Siza tinto 2009, uma garrafa lindíssima...
Sendo uma edição especial e exclusiva, limitada a 2.500 garrafas. Com um PVP recomendado de 56 euros.
… e um rótulo sem palavras, só com o traço do arquitecto
Morgadio da Calçada Reserva Tinto 2007
Beber vinho a copo tem inúmeras vantagens – por um lado, há situações em que uma quantidade mais reduzida é suficiente; por outro, permite que na mesma mesa várias pessoas possam beber vinhos diferentes em simultâneo ou que uma pessoa beba sucessivamente vinhos diferentes; e possibilita ainda que se provem a um preço mais acessível vinhos que à garrafa seriam incomportáveis.
O problema surge, porém, quando a comida puxa pelo vinho… e o vinho é tão bom que atrás de um copo vai outro.
A certa altura mais vale comprar a garrafa toda…
Foi o que aconteceu com o Morgadio da Calçada Reserva Tinto 2007 – produzido pela Niepoort a partir de Tinta Roriz e Touriga Franca, com um pouco de Touriga Nacional, é um vinho do Douro complexo e concentrado mas que mantém a frescura e elegância características das vinhas de altitude de Provezende.
Tendo sido em boa hora sugerido pelo escanção Victor d’Avó para acompanhar os pratos de carne, este e este.
Os rótulos também são magníficos – têm o traço do arquitecto Siza Vieira.
(continua)
Fotografias: Marta Felino / Flash Food
SÃO GABRIEL | Estrada Vale do Lobo, Quinta do Lago, Almancil, Portugal | Chef Leonel Pereira
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