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Quinta dos Aciprestes Sousão Grande Reserva Tinto 2014
Em virtude da nossa visita à edição deste ano da Essência do Vinho - Porto ter ocorrido propositadamente para assistir à prova comentada da histórica estreia do Carignan da Herdade das Servas, acabou depois por não sobrar muito tempo para visitar os produtores presentes no evento – e que eram mais de 400.
De modo que, devido a essa falta de tempo e tendo também na memória dois grandes (e raros) vinhos de Sousão bebidos nos últimos tempos – o da Herdade Grande, na Vidigueira, assinado por Diogo Lopes, e o Divina Lampreia, da Quinta do Vallado – bem como a vindima e a lagarada de Sousão que fizémos na Real Companhia Velha em 2015, optámos por visitar os diversos expositores focados exclusivamente na prova de… varietais de Sousão!
Ou seja, transformámos a nossa visita à Essência do Vinho numa prova de Sousão!
Sousão, que é o nome dado no Douro à casta Vinhão da região do Vinhos Verdes.
Uma casta tintureira, muito utilizada precisamente para dar cor aos lotes.
Mas que poucos arriscam a solo.
Com efeito, para além dessas propriedades corantes, a variedade Sousão tem também uma adstringência muitas vezes excessiva, podendo facilmente dar origem a vinhos rudes e pouco elegantes.
Porém, quando trabalhada num registo de fineza e elegância, com taninos suaves e macios, e com uma excelente acidez, proporciona vinhos fascinantes, extremamente gastronómicos.
Pelo que, para começar, provámos a quarta edição do Sousão da Quinta dos Aciprestes, da Real Companhia Velha, assinado pelo enólogo Jorge Moreira. É da vindima de 2014 – o primeiro tinha sido de 2011. Teve um estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês, 70% delas usadas. E apresenta-se poderoso. Mas também muito macio e elegante. E ainda bastante complexo, inclusivamente com notas de café e especiarias.
A seguir, a ideia era ter provado o Sousão dos irmãos e enólogos Maçanita, mas infelizmente a Joana e o António não trouxeram esse vinho para a Essência. Lá, só tinham Sousão em lote – nomeadamente, nos tintos Maçanita Reserva 2017 (25%) e Maçanita 2018 (20%).
Joana e António Maçanita não levaram o varietal de Sousão à Essência do Vinho, este Reserva tinha apenas 25%
Depois, da Quinta do Vallado, provámos não um mas dois varietais de Sousão, ambos assinados por Francisco Olazabal e Francisco Ferreira.
Primeiro, o tal Divina Lampreia já de 2019, que só está disponível na restauração mas que o produtor duriense estava a dar a provar na Essência do Vinho. Sem madeira. Fresquíssimo. E muito primário, com muita fruta.
E a seguir – bastante mais complexo – o 2017, que tinha sido engarrafado após um estágio de 16 meses em meias pipas de carvalho francês. Concentrado. Balsâmico. Com notas de frutos pretos, tabaco e especiarias.
Vallado Divina Lampreia Sousão Unoaked Tinto 2019
Vallado Sousão Tinto 2017
Entretanto, da coleção Vale da Raposa Monovarietais, de Domingos Alves de Sousa, provámos também o Sousão de 2017 – o mais rústico e herbáceo dos vinhos desta tarde.
Vale da Raposa Sousão Tinto 2017
E por fim, terminámos num registo de grande elegância, com o Sousão dos vinhos Dona Berta.
Ainda com o vibrante 2013 na memória, desta feita provámos o Sousão Reserva da colheita de 2015, igualmente sedutor e gastronómico.
Dona Berta Sousão Reserva Tinto 2015
Confirmando-se, pois, mais uma vez, nesta tão improvisada quanto gratificante prova de varietais de Sousão de produtores deveras distintos, que, quando num registo de elegância, o Sousão revela-se mesmo muito gastronómico.
Sendo, de facto, um grande vinho – um vinhão…!
Na emblemática Quinta das Carvalhas, da Real Companhia Velha…
…junto à piscina e em frente ao Rio Douro…
… o almoço começou com o experimental e bem-sucedido Séries Real Companhia Velha Arinto branco 2012…
… que o anfitrião Pedro O. Silva Reis serviu…
… com Queijo da Serra da Estrela…
… e com várias especialidades de fumeiro.
Já à mesa…
… a acompanhar o lombo de porco, recheado com ameixas e assado no forno…
… Pedro O. Silva Reis serviu três tintos, todos eles feitos a partir de uvas da Quinta dos Aciprestes, da Real Companhia Velha:
Primeiro, o Quinta dos Aciprestes 2011, um vinho jovem e fresco mas com boa estrutura, proveniente de uma vinha velha com 45 anos;
Depois, o Quinta dos Aciprestes Grande Reserva 2011, que apenas é produzido em anos especiais;
E, por fim, o surpreendente Quinta dos Aciprestes Grande Reserva Sousão 2011, um varietal extremamente sedutor, muito aveludado na boca!
Com a sobremesa, leite-creme…
… o Real Companhia Velha Tawny Porto 20 Anos.
Sendo que, para os mercados internacionais, a Real Companhia Velha utiliza a marca Royal Oporto.
Foi a despedida da casa da piscina da Quinta das Carvalhas…
… deixando-se para trás um belo painel de azulejos, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus aquando do centenário da casa (1851-1951)…
… rumo à entrada principal, em frente ao Pinhão.
Ver também:
Quinta dos Aciprestes, ao longo do Douro e em frente à foz do Rio Tua
Na margem esquerda do Rio Douro e frente à foz do Rio Tua, a actual Quinta dos Aciprestes prolonga-se por uma frente ribeirinha de mais de dois quilómetros…
… incluindo também as antigas Quinta da Barreira, Quinta da Boavista e Quinta da Coutada.
A uma cota baixa – 150 a 250 metros – e encaixada no vale, a Quinta dos Aciprestes é ideal para a produção de uva tinta…
… conjugando vinhas velhas – em que predomina a Tinta Barroca (50%) – e vinhas modernas, com talhões de uma casta só, maioritariamente de Touriga Nacional e Touriga Franca mas também com Sousão, Tinta Amarela e Tinta Roriz.
Nas quais é praticada uma viticultura de precisão com o recurso às mais modernas tecnologias, incluindo drones (aeronaves não tripuladas) que monitorizam as vinhas.
A partir das uvas da Quinta dos Aciprestes, a Real Companhia Velha produz Vinho do Porto… e também a gama de tintos ‘Quinta dos Aciprestes’ – colheita, reserva, grande reserva… e ainda um varietal de Sousão, cuja ideia era ser utilizado para compor o lote das Tourigas mas resultou tão bem que foi lançado em monocasta.
Quinta dos Aciprestes, mais de 2 km ao longo do Rio Douro
Ver também:
Pedro Silva Reis, Presidente da Real Companhia Velha… e o filho Pedro O. Silva Reis, Trade Marketing Manager
Ir ao Douro visitar a Real Companhia Velha é uma viagem ao passado… e ao futuro.
Permitindo conhecer os grandes vinhos que a Companhia produz… e deixando perceber que os que estão agora a ser preparados serão clássicos das próximas décadas.
Com efeito, para além de ser uma das mais antigas empresas portuguesas, fundada em 1756 por D. José I sob os auspícios do Marquês de Pombal, a Real Companhia Velha é também um exemplo de inovação, de experimentação e de utilização das mais modernas tecnologias – incluindo drones (aeronaves não tripuladas) para monitorizar as vinhas…
E sempre com uma mentalidade muito aberta. A Real Companhia Velha tem mais de 540 hectares de vinhas próprias no Douro, espalhadas por cinco quintas (Carvalhas, Aciprestes, Cidrô, Casal da Granja e Síbio) mas recusa focar-se num único perfil de vinhos, apostando antes na diversidade – diversidade de estilos, de castas, de tipos de vinho… de tudo!
Daí ser tão interessante ir ao terreno ver o exacto local onde nascem as concretas uvas de cada um dos diferentes vinhos que a Real Companhia Velha produz…
… e compreender como essa específica conjugação de solo, altitude, exposição solar, microclima, casta, idade da videira, etc., origina vinhos cujas características, quando os bebemos, conseguimos perceber serem precisamente uma consequência directa e uma manifestação expressa desses vários factores que vimos na visita.
Sim, porque, para percebermos verdadeiramente um vinho, não basta bebê-lo. Há que conhecer onde é feito, como é feito e por quem é feito – ora, foi tão-só isto o que a notável viagem à Real Companhia Velha permitiu.
Vida longa à Real Companhia Velha!
Ver também:
Almoço nas Caves... da Real Companhia Velha
Almoço na piscina... da Quinta das Carvalhas
Jantar na Casa Redonda... da Quinta das Carvalhas: (I) A Casa Redonda
Jantar na Casa Redonda... da Quinta das Carvalhas: (II) O Jantar
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