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Luís Antunes e João Nicolau de Almeida
É sabido que o vinho do Porto é arte do blend. O que não é fácil é conseguir provar isoladamente cada uma das castas, de modo a compará-las com o lote final. Desde logo, porque nem sempre as várias castas são vinificadas em separado. E depois porque, mesmo quando tal acontece, apenas é comercializado o lote final – os monocasta não estão acessíveis ao público.
… na prova comentada dos vinhos do Porto do Douro Superior
Daí o carácter histórico – e épico – da prova de vinhos do Porto do Douro Superior conduzida pelo jornalista e crítico da Revista de Vinhos Luís Antunes, em Foz Côa, na edição de 2014 do Festival do Vinho do Douro Superior.
… que decorreu no Festival do Vinho do Douro Superior
É que João Nicolau de Almeida esteve pessoalmente na prova, tendo trazido não apenas o clássico Porto Vintage de 1983… mas também quatro varietais que entraram na composição do extraordinário lote final e nunca foram colocados à venda isoladamente:
1 – Tinta Roriz, muito suave e elegante;
2 – Touriga Franca, com mais corpo e mais volume, embora mais rústica;
3 – Tinta Barroca, em que sobressai a delicadeza dos aromas; e
4 – Touriga Nacional, que, conforme comentou João Nicolau de Almeida, “tem tudo: bom aroma, boa boca, bom final, vivacidade, frescura”.
Ramos Pinto Porto Vintage Tinta Roriz 1983
Ramos Pinto Porto Vintage Touriga Franca 1983
Ramos Pinto Porto Vintage Tinta Barroca 1983
Ramos Pinto Porto Vintage Touriga Nacional 1983
Ramos Pinto Porto Vintage 1983
Ora, depois de provados e comentados cada um destes quatro varietais, todos eles magníficos embora diferentes entre si, o passo seguinte foi então provar... a versão que a Ramos Pinto colocou no mercado, o lote oficial do Vintage de 1983!
Seria melhor o blend, o lote?
Os 4 varietais
De facto, feita a prova, é espectacular poder perceber, poder sentir, como efectivamente o blend oficial… consegue ser ainda melhor do que os varietais!
É muito mais completo, muito mais complexo, muito mais equilibrado!
Vai buscar um pouco aqui, outro ali, tem um bocadinho de todos e acaba por criar uma identidade própria, única – mas muito mais rica e complexa!
Mateus Nicolau de Almeida também esteve presente
No entanto, a singularidade deste prova absolutamente extraordinária não ficou por aqui.
É que depois o muito aplaudido João Nicolau de Almeida – no final, viria a sair da prova debaixo de uma forte e sentida ovação de toda a sala – ainda quis partilhar com a audiência... qual foi a composição do lote oficial!
Destas castas, quais as escolhidas?
E a seguir respondeu: Tinta Barroca 50%, Touriga Nacional 20%, Tinta Roriz 20% “e 10% de… misturas!”
Ramos Pinto Porto Vintage 1983
Foi este o lote então eleito pela Ramos Pinto.
Sendo a prova provada – se dúvidas houvesse – de que o vinho do Porto é mesmo a arte do blend!
Ver também:
Douro Superior, uma sub-região a afirmar a sua identidade
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