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Luís Lufinha Mota Capitão, na sala de barricas da Herdade do Cebolal, com o Lufinha 100|10 Branco
“Lufinha 100|10” é uma homenagem em forma de vinho que celebra dois Lufinhas da Herdade do Cebolal, dois homens de apelido Lufinha que deixaram – e deixam – a sua marca na terra e no vinho.
António Rodrigues Lufinha, o Avô – e meu Tio-Avô, irmão do meu Avô Joaquim – cujo centenário do nascimento se comemora no próximo dia 7 de dezembro.
E Luís Lufinha Mota Capitão, o Neto – o meu Primo “Luisinho”. Filho de “Béucha” Lufinha Mota Capitão (a 4.ª geração, prima direita do meu Pai José António) e de Luís Mota Capitão, o enólogo está já há uma década à frente da vitivinicultura da Herdade do Cebolal.
Ou seja, esta é uma celebração não apenas do passado, mas também do presente e do futuro de uma herdade no extremo sul da região da Península de Setúbal, em pleno Alentejo, junto a Santiago do Cacém, e com fortes influências atlânticas, fazendo igualmente parte dos vinhos da Costa Vicentina.
Sendo dois os vinhos Lufinha 100|10 – um tinto e um branco.
Ambos uma homenagem do enólogo Luís Lufinha Mota Capitão ao seu Avô – mas cada um deles de sua forma!
O tinto é um vinho da colheita de 2014. E a ideia de Luís Lufinha Mota Capitão foi, no ano do centenário do Avô, fazer uma versão atualizada do vinho que o Avô fazia, foi fazer o vinho que o Avô, caso ainda fosse vivo, teria certamente feito. Daí que tenha utilizado as quatro castas do lote do Avô: Alicante Bouschet, Aragonez (e não Touriga Nacional, como vem no rótulo), Castelão e Cabernet Sauvignon. Um vinho que impressiona, desde logo, pela sua extraordinária acidez. Estando a madeira muito bem integrada – nem nos damos conta de que estagiou 3 anos e meio em barrica. E em que os taninos, embora presentes, são suaves e delicados. Nesta tarde, deu luta a um Cozido à Portuguesa, comprovando a sua enorme aptidão gastronómica. Cerca de 3000 garrafas. PVP 40 €.
Já no branco, a abordagem foi completamente diferente. Para homenagear o Avô, Luís Lufinha Mota Capitão utilizou os vinhos… feitos pelo próprio Avô! Com efeito, este Lufinha 100|10 Branco é um lote de brancos antigos e engarrafados da Herdade do Cebolal, brancos de curtimenta, feitos por António Rodrigues Lufinha com uvas de Arinto e Fernão Pires provenientes de vinhas não regadas, de seis diferentes colheitas, com um mínimo de vinte anos: 1994, 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999! Daí não ter data de colheita. Abertas as garrafas e feita a seleção, foi criado um blend que estagiou, depois, cerca de 8 meses em cuba e foi engarrafado em junho de 2018, estando já com um estágio de ano e meio em garrafa. Seco, extremamente evoluído, muito complexo! Apesar de ser um vinho tranquilo, com apenas 12,5% de álcool, tem um perfil próximo de um Madeira Seco, de um Porto Branco Seco, de um Xerez Seco. Sendo um vinho perfeito para pairings desafiantes e fora da caixa! Devendo ser bebido praticamente à temperatura dos tintos, entre os 14 e os 16 ºC. Tendo aqui sido harmonizado com sobremesas! Mas também funcionaria muito bem de aperitivo! E ligaria igualmente de modo maravilhoso com caça! E ainda com queijos fortes! Um vinho notável! Altamente gastronómico! Extremamente versátil! E que irá ter continuidade no futuro, através do método Solera. Consolidando a Herdade do Cebolal como terroir de brancos de excelência! Apenas 300 garrafas. PVP 60 €.
Destaque ainda para o rótulo dos Lufinha 100|10, que recria o labirinto ou a espiral da “Pedra de Lufinha”, uma gravura rupestre existente precisamente na povoação de Lufinha, na freguesia de Ribafeita, concelho de Viseu.
Muitos parabéns à Herdade do Cebolal!
Luís Mota Capitão, “Béucha” (Isabel Lufinha Mota Capitão) e Luís Lufinha Mota Capitão, na adega da Herdade do Cebolal, durante o almoço de apresentação dos novos vinhos Lufinha 100|10 à família Lufinha, que reuniu mais de cem primos
Lufinha 100|10 Tinto 2014
Lufinha 100|10 Branco – sem data, é um lote de brancos antigos de 1994 a 1999
Dois vinhos...
... de homenagem
Tio António e Tia Dores – António Rodrigues Lufinha nasceu a 7 de dezembro de 1919, este ano faria 100 anos
Fotografias: Marta Felino e Raul Lufinha
Ver também:
Luís Mota Capitão
Para Luís Mota Capitão, a Herdade do Cebolal não é um terroir – são vários!
A localização geográfica contribui, desde logo, para a complexidade do tema. Com efeito, apesar de estar em pleno Alentejo, junto a Santiago do Cacém, a herdade fica no extremo sul da região demarcada da Península de Setúbal – pertence a Setúbal. E, embora seja Alentejo Litoral, está encaixada num vale que a protege dos excessos do Atlântico…!
Mas depois, dentro da própria herdade, há nuances, há microclimas, há diferentes solos…
Ora, para Luís Mota Capitão, o contraste mais acentuado que existe na Herdade do Cebolal é precisamente numa vinha cujo solo não é uniforme – uma parte tem xisto, outra calcário.
O que depois se reflete no produto final.
Daí que, para mostrar a influência do solo no vinho, o enólogo Luís Mota Capitão tenha apostado em fazer dois tintos da mesma vinha... em que tudo é igual exceto o solo.
São ambos da colheita de 2014, maioritariamente Touriga Nacional com Petit Verdot (30%) e Alicante Bouschet (20%), vindimados por casta, com um ano de estágio em barrica usada e agora mais um em garrafa.
E, na verdade, provados os vinhos, são completamente distintos!
O Parcela de Xisto tem um estilo mais Atlântico. O aroma é muito fresco. Está ainda verde, novo, taninoso, rústico. Tem um carácter rebelde. Pede tempo. Mas também já pede comida. Fazendo sentido que o vinho tenha estas características porque o xisto denota uma maior capacidade para reter água, o que gera mais vegetação e contribui para um microclima mais húmido nesta parte da vinha, perto da qual corre uma ribeira.
Já o Parcela de Calcário é o oposto. É um vinho de uma zona quente. Apresentando um teor alcoólico superior. E estando mais elegante, mais pronto. O que acontece também porque o calcário tem tendência para absorver o calor.
Sendo, pois, extremamente interessante provar os vinhos das duas parcelas da mesma vinha... em confronto um com o outro. De modo a sentir-se no copo… a diferença entre os solos!
Contudo, Luís Mota Capitão não se ficou por aqui.
E resolveu levar ainda mais longe o desafio!
Tendo decidido criar um terceiro vinho!
Um terceiro vinho que é um lote dos dois vinhos anteriores, procurando juntar o melhor dos dois mundos. Tem 70% do vinho mais pronto e elegante, o Parcela de Calcário. Mas os 30% do Parcela de Xisto já são suficientes para lhe dar um nariz fresco.
Ora, o que este terceiro vinho mostra, ao juntar a frescura Atlântica ao lado mais quente, é, na verdade, o perfil dos vinhos da Herdade do Cebolal – Setúbal, Alentejo e Atlântico.
Foi este o grande segredo da pré-apresentação dos três vinhos, ainda com rótulos provisórios, no ABRE LATAS, em Lisboa.
Efetivamente, o que Luís Mota Capitão nos está a mostrar é que... a Herdade do Cebolal consiste na junção dos dois perfis, a frescura do Xisto e o calor do Calcário!
Logo, se provarmos os dois primeiros… percebemos melhor o terceiro!
Ou seja, se provarmos isoladamente o Xisto e o Calcário… percebemos melhor a Herdade do Cebolal, que é a união Xisto & Calcário!
Grande prova, Luís!
1.º vinho – Parcela de Xisto
2.º vinho – Parcela de Calcário
3.º vinho – Parcela de Calcário & Parcela de Xisto
Ver também:
Sardinhas Assadas...
Na noite de Santo António,
Em cada esquina, um arraial.
Este ano, sardinhas assadas…
… e os brancos do Cebolal.
... e o enólogo Luís Mota Capitão, com o Herdade do Cebolal branco 2014 e o Caios branco 2012
Luís Mota Capitão
A fechar o jantar vínico que cruzou os vinhos da Herdade do Cebolal com as especialidades do SANTA CLARA DOS COGUMELOS…
… um crème brûlée de boletus… e óleo de trufa branca…
… acompanhado pelo Caios tinto da colheita de 2011, com um estágio de dois anos em madeira.
'Crème brûlée de boletus e trufa branca'
É sempre bom quando o melhor…
... fica para o fim!
Caios tinto 2011
Fotografias: Marta Felino
SANTA CLARA DOS COGUMELOS | Campo de Santa Clara, Mercado de Santa Clara, 7 - 1º, Lisboa, Portugal | Chef Thalles Nascimento
Luís Mota Capitão, enólogo e produtor da Herdade do Cebolal
O enólogo e produtor Luís Mota Capitão fez uma prova comentada dos vinhos da Herdade do Cebolal para a imprensa especializada e bloggers interessados, no CLUBE DE JORNALISTAS, em Lisboa.
A mesa, preparada para a prova
Localizada no litoral alentejano, a 17 km de Santiago do Cacém e no extremo sul da região demarcada da Península de Setúbal, a Herdade do Cebolal tem 23 hectares de vinha num vale que lhe garante um microclima único – e vinhos de terroir.
Alguns dos vinhos em prova
No total, Luís Mota Capitão deu a provar e comentou 13 vinhos:
Herdade do Cebolal, branco, 2011. Fernão Pires, Antão Vaz, Roupeiro e Arinto. Potencial de evolução em garrafa. Gastronómico. Muita frescura e acidez.
Várias garrafas de Herdade do Cebolal e Caios
Herdade do Cebolal, branco, 2010. Só Fernão Pires e Roupeiro. Potencial de evolução em garrafa. Mais volume de boca do que o de 2011.
Luís Mota Capitão dando a provar uma das surpresas da noite
Rosé, 2012. Touriga Nacional e Aragonês. Uma das grandes surpresas da prova. Não é um subproduto, nem um aproveitamento de restos, como muitos rosés que existem no mercado – é produzido com uvas nobres que são desviadas do vinho tinto para fazer rosé. Muito interessante e gastronómico. Aliás, como explicou o enólogo, «não é um rosé docinho», diferenciando-se antes pela elevada acidez e frescura. Irá ser comercializado ainda este ano.
Caios, branco, 2010 (ao centro)
Caios, branco, 2010. Arinto e Antão Vaz. Gastronómico. Três meses em carvalho francês, barricas novas. Branco gordo e com acidez.
Caios, branco, 2009
Caios, branco, 2009. Feito da mesma forma que o anterior. Com menos acidez, em virtude de 2009 ter sido um ano mais quente.
Luís Mota Capitão, durante a apresentação
Caios, branco, 2008. Também Arinto e Antão Vaz. Tal como os Caios anteriores, é um branco de guarda. Notando-se a evolução em garrafa. Muito gastronómico. Um grande vinho. Para ocasiões especiais.
Vale das Éguas, tinto, 2010
Vale das Éguas, tinto, 2010. Alicante Bouschet e Aragonês. Sem madeira. Vinho muito ligado à região: frescura e acidez, por estar perto do mar. Vinho de terroir.
Herdade do Cebolal, tinto, 2011
Herdade do Cebolal, tinto, 2011. Alicante Bouschet, Castelão e Aragonês. Com acidez bem marcada. E potencial para evoluir em garrafa.
Isabel e Luís Mota Capitão, 4ª e 5ª gerações da Herdade do Cebolal
Herdade do Cebolal, tinto, 2010. Alicante Bouschet, Castelão e Aragonês. Com madeira. E com menos acidez do que o anterior.
Herdade do Cebolal, tinto, 2008. Alicante Bouschet e Aragonês. Dos três Herdade do Cebolal tinto, é o mais maduro e o que está na fase mais perfeita de evolução.
Caios, tinto, 2008 e Caios, branco, 2009
Caios, tinto, 2008. Cabernet Sauvignon, Trincadeira, Castelão e Alicante Bouschet. Como todos os Caios, só são produzidos em anos de excepcional qualidade. Vinhas com uma média de idade de 25 anos.
A antiga imagem dos vinhos da Herdade do Cebolal (1995)
Herdade do Cebolal – Alicante Bouschet, tinto, 2012. Uma aposta pessoal do enólogo Luís Mota Capitão, este monocasta foi outra das surpresas da prova. A sua produção teve como objectivo identificar a casta que melhor se adequava ao terroir e depois retirar dela o melhor que ela tem: cor, aroma, volume de boca, acidez. Ainda sem data para comercialização. Um grande vinho em perspectiva. Raro.
Luís Mota Capitão, o novo rosto da Herdade do Cebolal
Caios, tinto, 2011. Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Merlot e Petit Verdot. Um vinho que ainda está em barrica e só irá ser comercializado em meados de 2014. Muita acidez. Desde já se percebe que será um vinho notável. A prova fechou em grande.
Fotografias: Marta Felino / Flash Food
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