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A porta do Hotel Teatro… e também do restaurante PALCO
Seus Olhos
Seus olhos – se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
E a jaleca do chef Arnaldo Azevedo, também com o poema ‘Seus Olhos’ de Almeida Garrett
P.S. 1 – Teatro… Literatura… Gastronomia… as diferentes manifestações artísticas do ser humano não são estanques, os diversos géneros culturais cruzam-se entre si.
P.S. 2 – Muito obrigado ao Hotel Teatro, ao restaurante PALCO e em especial ao chef Arnaldo Azevedo por me terem feito regressar a Almeida Garrett. Acabei de reler o intemporal ‘Folhas Caídas’… um livro de poesia absolutamente extraordinário…!
Ver também:
O grande PALCO de Arnaldo Azevedo
Fotografias: Marta Felino
PALCO | Hotel Teatro, Rua Sá da Bandeira, 84, Porto, Portugal | Chef Arnaldo Azevedo
Arnaldo Azevedo
É no restaurante PALCO do Hotel Teatro, no centro da cidade do Porto, que Arnaldo Azevedo apresenta as suas criações…
… em dois cenários de degustação, de 5 e 7 momentos, cujos pratos – com nomes de poemas de Almeida Garrett – podem também ser pedidos individualmente.
Uma cozinha complexa e elaborada, com preocupações estéticas, que demonstra uma grande maturidade gastronómica.
Resistindo Arnaldo Azevedo à tentação de sobrecarregar o prato de ingredientes, preferindo antes trabalhar o mesmo produto de várias maneiras e apresentá-lo em diferentes texturas.
A abrir a refeição, uma excelente manteiga de ovelha…
… e depois “os cumprimentos do chef”: mini éclair de bacalhau, com gelatina de pimento vermelho; macaron de curcuma e foie gras; e um fabuloso dumpling de leitão… com um intenso jus também de leitão! Aliás, os jus são sempre muito bem trabalhados por Arnaldo Azevedo.
Amuse bouche
Carabineiro do Algarve… e aipo, trabalhado de duas formas diferentes: fumado e em puré… e em cubos tostados.
Carabineiro Gozo e Dor
Continuando com os sabores a mar, uma composição com robalo; lulas braseadas; ervilhas em puré, salteadas com papada de Joselito e ainda em rebentos; e também um creme de ouriços-do-mar.
O Retrato do mar
Depois, um grande prato, com dois sabores dominantes: o bacalhau e a cebola.
Bacalhau de meia cura... um magnífico canelone de couve lombarda, recheado com açorda de bochecha de bacalhau... e cebola, tostada e em creme.
Bacalhau em Tronco Despido
A seguir, um arroz cremoso de cogumelos boletus, com um ovo cozinhado a 63º e (nesta altura do ano) trufas de Verão.
À Barca Bela
Chegando à carne, barriga de leitão…
... óptima, com cenoura (inteira e num puré com várias especiarias), beterraba, gnocchi de batata e geleia de laranja sanguínea.
Rosa e Lírio do Leitão
… e depois o borrego – um grande momento!
Aba e sela de um delicioso borrego de leite de Portalegre...
... a aba, cozinhada em vácuo durante 12 horas a 85º graus...
... e a sela, só ligeiramente salteada no momento...
... acompanhadas por cogumelos morilles, um marcante puré de raiz de salsa, alcachofra cozinhada no jus do borrego... e ainda um tortellino de borrego com menta!
Borrego Coquette dos Prados
Arnaldo Azevedo e a raiz de salsa
A pré-sobremesa era extremamente aromática!
Sobre uma compota de cenoura e laranja...
... amora, mirtilo, framboesa, maracujá, amêndoa laminada e zest de limão.
Sendo depois servido na mesa um caldo de abacaxi, baunilha e hortelã.
Pré-sobremesa
Já a sobremesa tinha apenas dois sabores predominantes: limão e nozes!
Mas era muito intensa e complexa!
Cremoso de limão com noz caramelizada no topo... gelatina de limão e baunilha... crumble de noz... merengue de lima... sorbet de limão... 'folha' de noz... e três gotas de geleia de limão...
Imensa frescura e acidez!
Anjo És
Finalmente, numa terra de chocolate, Arnaldo Azevedo recria a floresta...
... com trufas de chocolate fresquíssimas... e suspiros em forma de cogumelo!
Mignardises
A conta, depois, chega… dentro de um livro de poemas de Almeida Garrett!
A conta
Muito obrigado ao chef Arnaldo Azevedo e à cozinha do PALCO...
... e também à Susana Fonseca que, na sala e com enorme simpatia, esteve exemplar na apresentação dos pratos.
Foi um excelente espectáculo gastronómico!
Fotografias: Marta Felino
PALCO | Hotel Teatro, Rua Sá da Bandeira, 84, Porto, Portugal | Chef Arnaldo Azevedo
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