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Julien Royer, chef do ODETTE, em Singapura, “The Best Restaurant in Asia 2019 & 2020”... e os patrocinadores dos “Asia’s 50 Best Restaurants”
Um pormenor que salta sempre à vista nestes eventos dos 50 Best – seja na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, seja nos rankings regionais da Ásia e da América Latina – é a força das empresas espanholas.
Por exemplo, atualmente cerca de metade dos “partners” dos 50 Best são espanhóis:
• O banco oficial dos 50 Best é espanhol – o BBVA;
• A cerveja oficial dos 50 Best é espanhola – a Estrella Damm;
• O vinho oficial dos 50 Best é espanhol – o Beronia, da Rioja;
• O gin oficial dos 50 Best é espanhol – o Gin Mare;
• O presunto oficial dos 50 Best é espanhol – o Cinco Jotas;
• E até o fornecedor oficial de “ingredientes para chefs” é espanhol – a Sosa.
Porém, é enganador pensar que essa força das empresas espanholas é apenas financeira. Claro que a vertente financeira conta. Mas há uma outra dimensão que também é necessário existir – e que em Espanha existe. A vontade. É necessário haver uma vontade estratégica de investir na gastronomia.
De facto, os restaurantes espanhóis têm a felicidade de no seu país existirem muitas empresas que apostam fortemente na gastronomia.
Que apostam na gastronomia não para “prestar apoio”, não por caridade, não por mecenato, mas simplesmente porque entendem que – para elas próprias e para o seu próprio negócio – essa é a melhor estratégia!
Tal como há mais de cem anos – para felicidade dos restaurantes franceses (e não só) – houve uma empresa de pneus francesa que resolveu apostar na gastronomia para vender os seus produtos. E começou a fazer guias.
Tal como hoje em dia há empresas, portuguesas e não só, que – para felicidade de desportistas e de músicos – têm antes a estratégia de apoiar eventos desportivos (futebol e não só) ou concertos ao vivo.
Daí que, nestes dias difíceis e de completa imprevisibilidade – em que todos os restaurantes espanhóis estão encerrados e não sabem quando poderão reabrir – alguns deles tenham uma força adicional. A força das empresas espanholas. A força das empresas espanholas que neles investiram. A força das empresas espanholas que fizeram deles seus embaixadores. E que – naturalmente pela ligação emocional, mas também, claro, para não perderem o investimento que já efetuaram – têm um interesse direto (e ativo) em que os chefes e restaurantes seus embaixadores resistam. Resistam e recuperem.
Fotografia: Asia’s 50 Best Restaurants
Ver também:
Rota de Tapas, de 23 de maio a 9 de junho
Feita em Barcelona, a Estrella Damm é uma cerveja que aposta forte na ligação à comida.
E que em Portugal, para além de marcar presença nas mais diversas iniciativas gastronómicas, organiza ainda dois eventos próprios de referência.
Um, é o Congresso Gastronómico, que reúne grandes nomes da gastronomia mundial – na última edição, por exemplo, estiveram em Lisboa personalidades como Joan Roca do EL CELLER DE CAN ROCA ou Fina Puigdevall do LES COLS.
O outro evento é a Rota de Tapas, que já vai na 13.ª edição. Desta vez, de 23 de maio a 9 de junho, há mais de duzentos restaurantes espalhados por nove cidades (Lisboa, Porto, Braga, Faro, Aveiro, Évora, Viseu, Caldas da Rainha e Castelo Branco) que disponibilizam uma tapa e uma Estrella Damm por 3€. Mais pormenores aqui.
Estrella Damm aposta forte na gastronomia
Simpósio Sangue na Guelra 2018 | A edição deste ano do Simpósio Sangue na Guelra foi dedicado ao ativismo gastronómico e às suas diversas formas.
Ana Músico e Paulo Barata | Os anfitriões.
Francisco Sarmento, representante da FAO em Portugal | Direito Humano a uma Alimentação Adequada. Novas políticas públicas. Comprar local.
Alfredo Sendim, Herdade do Freio do Meio, Alentejo, Portugal | Atitude. Ética. Agroecologia. Agricultura biológica. Éden na Terra.
Bo Songvisava e Dylan Jones, chefs do restaurante BO.LAN, Bangkok, Tailândia | Sustentabilidade. Desperdício zero. Carbono zero.
Alexandra Forbes, co-fundadora do Refettorio Gastromotiva, Rio de Janeiro, Brasil | Contra o desperdício de alimentos, a má nutrição e a exclusão social.
Tiago Ribeiro, Luís Gaspar, Gonçalo Alpalhão | Com o prémio de Chefe Cozinheiro do Ano de 2017, Luís Gaspar já tinha mostrado que não é apenas um cozinheiro de carnes. E agora, para o almoço do Simpósio, o chef da SALA DE CORTE confirmou as melhores expectativas e serviu um tão apurado quanto maravilhoso arroz de corvina e marisco.
Manuel Liebaut e João Alves | Um delicioso ensopado de borrego com ervas aromáticas, um molho à base de kefir feito a partir de leite de cabra e, ainda, malaguetas, foi o prato que Manuel Liebaut (responsável de I+D do LOCO de Alexandre Silva) trouxe ao Simpósio.
Maurício Vale | O chef do SOI trouxe ao Simpósio o exotismo da cozinha asiática, em dois registos diferentes: uma salada tailandesa com noodles de pepino e um excelente escabeche de tâmaras com gelado de cardamomo.
Carlos Fernandes | O chefe pasteleiro, no seu registo agradavelmente pouco doce, apresentou uma elegante e envolvente sobremesa, com apenas dois sabores: morango (fatiado, numa mousse de iogurte e no molho) e camomila (no guloso creme pasteleiro, no biscuit, no crumble e no suspiro).
Alex Atala e Tiago Bonito | O mestre e o antigo estagiário.
Esporão biológico | O Esporão Colheita Tinto de 2015, um vinho produzido a partir de uvas das castas Touriga Franca e Cabernet Sauvignon, cultivadas na Herdade do Esporão segundo as práticas da agricultura biológica.
Bruno Antunes | O sommelier deu a provar a cerveja Estrella Damm.
Rita Sá, Fisheries Officer da WWF em Portugal | Sustentabilidade. Biodiversidade. Vamos comer até ao último peixe?
Douglas McMaster, chef do SILO, Brighton, UK | Desperdício zero. No bin.
Alex Atala, chef do D.O.M., São Paulo, Brasil | Um cozinheiro que se sente com superpoderes quando veste a jaleca. «A relação do homem com o alimento precisa ser revista. Precisamos aproximar o saber do comer, o comer do cozinhar, o cozinhar do produzir, o produzir da natureza; agir em toda a cadeia de valor, com o propósito de fortalecer os territórios a partir de sua biodiversidade, agrodiversidade e sociodiversidade, para garantir alimento bom para todos e para o ambiente.»
Ricardo Costa e Bruno Antunes
Os três dias da edição inaugural do Cascais Gastronómica encerraram com um jantar de grande nível assinado por Ricardo Costa, chef do THE YEATMAN, restaurante gastronómico com duas estrelas Michelin integrado no emblemático hotel vínico que lhe dá o nome.
Tendo a seleção de vinhos ficado, mais uma vez, a cargo do escanção residente do festival, Bruno Antunes, da Wine Man.
Cascais Gastronómica 2017 | Tal como já tinha sucedido com Tiago Bonito (LARGO DO PAÇO), Alexandre Silva (LOCO), Miguel Laffan (L’AND), Henrique Sá Pessoa (ALMA) e Pedro Lemos (PEDRO LEMOS), também o chef Ricardo Costa subiu ao palco do Cascais Gastronómica 2017, no Centro de Congressos do Estoril, para apresentar à sala cada uma das suas criações. Tendo depois o sommelier Bruno Antunes explicado a sua correspondente sugestão de harmonização.
Centro de Congressos do Estoril | A sala criada para receber as seis refeições da primeira edição do Cascais Gastronómica.
Marisqueira, Tremoço, Abacate, Coentros + Estrella Damm Lager | Para começar o jantar com uma cerveja, Ricardo Costa trouxe uma adaptação de uma refrescante entrada que entretanto acabou por retirar da carta do THE YEATMAN, pois era incompreendida pelos estrangeiros, que a achavam demasiado forte e intensa… mas que estava maravilhosa! E ligava muito bem com a Estrella Damm. Com efeito, para além do sabor a marisco e do amargor da cerveja, na criação de Ricardo Costa brilhava ainda um poderoso creme de tremoço e uma espuma de bivalves, em especial lingueirão! Aos quais o chef do THE YEATMAN acrescentava também o crocante do amendoim! Excelente!
A surpresa de existir... um complemento à Entrada | Contudo, o melhor ainda estava para vir! É que, como complemento à “Marisqueira”, Ricardo Costa preparou a surpresa de servir um arrebatador segundo momento, que atualmente serve como aperitivo no THE YEATMAN: lingueirão; ovo de codorniz cozido a baixa temperatura; presunto; puré de feijoada e também um apuradíssimo molho de feijoada; crocante de maçã; e, fazendo a ponte com a primeira parte da entrada, a mesma espuma de bivalves! Excelente!
Leitão Tropical, Papaia, Manga, Galanga | Ricardo Costa é de Aveiro e trabalha sempre muito bem o leitão. Desta vez, resolveu enquadrá-lo… numa elegante sopa tailandesa! Ou seja, como sempre acontece com o chef do THE YEATMAN, temos o leitão irrepreensível, naquele registo bairradino, muito saboroso, com a pele bem tostada e crocante! Mas agora temos igualmente lavagante! Mais manga! E mais papaia! E também espuma de lima! E ainda uma sopa picante feita com galanga, o chamado “gengibre tailandês”. Ou seja, temos o registo tradicional da Bairrada de comer o leitão com molho picante – embora o “molho” aqui seja antes uma sopa (!) e o picante não venha tanto da pimenta mas antes do tal gengibre! Brutal! Absolutamente brutal! Um prato para repetir muitas vezes!
Quinta do Monte Travesso Reserva Branco 2016 | Para a montanha-russa de sabores que é este Leitão Tropical de Ricardo Costa, Bruno Antunes escolheu um branco do Douro jovem, muito vivo e com uma acidez vibrante, mas também bastante saboroso, produzido por Bernardo Nápoles de Carvalho a partir da vinha velha da Quinta do Monte Travesso, em que predominam as castas Gouveio, Viosinho e Rabigato, tendo fermentado em barricas com battônage.
Polvo, Carabineiro, Molho à Bordalesa, Ouriço-do-mar | Outro grande momento de Ricardo Costa! Junta no mesmo prato o carabineiro, o polvo e o ouriço-do-mar! E depois envolve-os num poderoso molho de vinho… tinto!
Bruno Antunes, o Branco e o Tinto | Perante isto, branco ou tinto? Inicialmente, seria branco – como, pela descrição à distância que Ricardo Costa tinha feito do prato, o molho teria apenas um pouco de vinho tinto, Bruno Antunes pensou que o polvo e, em especial, o carabineiro e o ouriço-do-mar impor-se-iam, de modo a pedir branco. Porém, já no Cascais Gastronómica, quando foi fazer o teste final das harmonizações, Bruno Antunes deu-se conta da enorme complexidade do prato de Ricardo Costa e da presença marcante do vinho tinto no molho e consequentemente no prato! Pelo que tomou então a inteligente decisão de antecipar o tinto da vitela, de modo a servir dois vinhos, um branco e um tinto! O que teve um efeito notável: pôs toda a sala a discutir a comida, os vinhos e a ligação entre a comida e os vinhos! Pôs toda a gente a pensar naquilo que estava a comer e a beber. E a opinar sobre qual seria a melhor harmonização. Na nossa mesa, ganhou o tinto. Mas isso não foi o mais importante. O mais bonito foi a discussão que se gerou e a troca de ideias que aconteceu. Na verdade, quem ganhou fomos todos nós!
Sanduíche de Vitela | Passando para a carne, chega uma tão complexa quanto deliciosa “sandes”… para comer à mão!
Costa SW Reserva Tinto 2012 | Tendo este requintado momento de finger food sido acompanhado pelo rico e complexo Costa SW Reserva tinto de 2012 do sul da Península de Setúbal, junto à costa, feito a partir de Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Touriga Franca, com um estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês e já vários anos em garrafa.
Vitela de Leite, Lombo, Tutano, Tendão | Porém, Ricardo Costa tinha mais uma surpresa preparada! É que afinal a “sandes” era apenas um aperitivo! A seguir chegou um segundo momento! E que, na verdade, foi o momento principal! Com efeito, como é habitual nos pratos de carne do chef do THE YEATMAN, havia um enorme contraste entre os sabores e as texturas! Ou seja, os sabores, em especial os da vitela, são poderosos, intensos, profundos, bastante puxados! Já as texturas, a da tenríssima vitela, bem como as dos cogumelos girolles e do puré de aipo, são de uma enorme delicadeza e suavidade! Excelente!
Costa SW Reserva Tinto 2012 | Para o segundo momento da vitela de Ricardo Costa, Bruno Antunes manteve – e bem – o tinto inicial: um prato poderoso pede um vinho complexo, com volume de boca e boa estrutura!
Cenoura | Passando para o lado mais doce do jantar, Ricardo Costa começou por apresentar uma extraordinária sobremesa feita apenas com cenoura – somente cenoura, trabalhada em diversas texturas. Na base, cenoura macerada, como se fosse xarope. Depois, cenoura picada. Espuma de cenoura. Água de cenoura crocante. E no topo, do produtor de Amarante que fornece o THE YEATMAN, uma micro cenoura biológica.
Burmester Tawny 20 Anos | Para uma sobremesa com notas mais envolventes e xaroposas, Bruno Antunes escolheu o sedutor Tawny 20 Anos da Casa Burmester, num excelente compromisso entre a frescura e a exuberância dos aromas.
Mirtilos | Por último, conforme anunciou Ricardo Costa, “os nossos mirtilos!”. Mirtilos inteiros confitados. Mirtilos em mousse. Mirtilos em creme. Mirtilos em merengue. E depois, em contraste, um cremoso gelado de queijo mascarpone e um creme de baunilha. Sendo tudo finalizado com zest de lima-kaffir.
Vieira de Sousa LBV 2012 | Chegados às sobremesas, verificou-se que, tal como os treinadores de futebol gostam que os seus jogadores pensem jogo-a-jogo, também Bruno Antunes nos pôs a pensar prato-a-prato – ou seja, pôs-nos a pensar na harmonização da respetiva sobremesa, sem que nos preocupássemos com a harmonização anterior ou com a seguinte. De facto, depois de um Tawny 20 anos, o caminho mais lógico poderia ser um Porto ainda mais antigo e concentrado. Porém, a segunda sobremesa de Ricardo Costa não ia por aí – a acidez dos mirtilos era demasiado viva. Pelo que o sommelier do Cascais Gastronómica, de modo a continuar nos Vinhos do Porto, em boa hora passou para um LBV, apostando num registo mais jovem e com mais fruta madura, fruta encarnada, e em que aguardente (que dá luta à acidez do mirtilo e à gordura do mascarpone) também está mais presente. O que ligou na perfeição com a composição de mirtilos de Ricardo Costa!
A equipa do THE YEATMAN | No final do jantar, houve ainda tempo para Ricardo Costa apresentar a equipa que trouxe do Porto.
Ricardo Costa | E a satisfação do chef por ter fechado o Cascais Gastronómica com um jantar de grande nível!
Henrique Sá Pessoa e o escanção Bruno Antunes
Ao longo dos três dias do Cascais Gastronómica, foram seis os chefes de restaurantes estrelados que apresentaram um menu de degustação no espaço fine dining do festival: Alexandre Silva (LOCO, Lisboa, 1* Michelin), Henrique Sá Pessoa (ALMA, Lisboa, 1* Michelin), Miguel Laffan (L’AND, Montemor-o-Novo, 1* Michelin), Pedro Lemos (PEDRO LEMOS, Porto, 1* Michelin), Ricardo Costa (THE YEATMAN, Vila Nova de Gaia, 2** Michelin) e Tiago Bonito (LARGO DO PAÇO, Amarante, 1* Michelin).
Já as harmonizações ficaram a cargo do escanção residente do evento, Bruno Antunes, da Wine Man.
O restaurante do Cascais Gastronómica, no Centro de Congressos do Estoril
Tendo Henrique Sá Pessoa trazido ao evento os pratos do ALMA – alguns clássicos e também novidades.
Gamba da Costa ao Alhinho + Estrella Damm Lager | Para começar, a emblemática homenagem de Henrique Sá Pessoa às clássicas gambas fritas com alho – mas numa leitura mais moderna, pois sobre a gamba surge uma gulosa e picante emulsão de alho e malagueta que pede claramente cerveja, tendo ligado muito bem com o amargor e com as notas levemente doces da lager Estrella Damm.
Lula, Grão, Tomate Confit, Caldo de Lula | Denso e profundo. Grande jogo de texturas, com a leguminosa a surgir inteira no fundo do prato.
Robalo ao Vapor, Arroz de Ameijoas à Bulhão Pato, Codium | Outro grande momento de Henrique Sá Pessoa. E que tem no topo espuma de limão – para nos fazer lembrar o hábito de espremermos o citrino por cima das ameijoas.
Camaleão, Alvarinho, 2016 | Para acompanhar a lula e o robalo, Bruno Antunes escolheu o cítrico e elegante Alvarinho de João Cabral de Almeida cujo rótulo muda de cor conforme a temperatura…!
Leitão Confitado 24h, Puré de Batata, Grelos, Jus de Pimentas | Os sabores da Bairrada. Inclusivamente no novo molho – mais bairradino, comparativamente com o que até aqui tem estado a ser servido no ALMA.
Vadio Bairrada Tinto 2014 | Para o leitão, a Baga aveludada e muito pronta de Luís Patrão – o segredo é amaciá-la com um pouco de uvas brancas…!
Bruno Antunes, Henrique Sá Pessoa, Telmo Moutinho | No Cascais Gastronómica, o chefe convidado vai sempre ao palco apresentar cada um dos pratos. Porém, para os momentos mais doces do jantar, Henrique Sá Pessoa trouxe também à sala o chef pasteleiro do ALMA, Telmo Moutinho, que apresentou as três criações que preparou para o jantar do festival.
Pré-sobremesa | Suspiro de canela recheado com sorbet de abóbora e acompanhado por um gel de cardamomo.
Flan Aero, Gelado de Pinhão, Biscoito Salgado de Pinhão | Antecipando um prato futuro, Henrique Sá Pessoa e Telmo Moutinho apresentaram uma nova e complexa sobremesa do ALMA, que irá integrar o menu da passagem de ano. E em que sobressai o pormenor de ter um papel comestível de caramelo e outro de leite!
Petits Fours | Fresquíssimos, com imenso sabor a amêndoa!
Hobby Abafado, Tejo | Para os momentos finais do jantar, Bruno Antunes escolheu o abafado de Diogo Campilho e Pedro Pinhão, feito com Fernão Pires e em que sobressaem as notas de pera.
Joan Roca
Joan Roca encerrou o Congresso de Gastronomia Estrella Damm com uma apresentação em que desvendou o segredo do sucesso do EL CELLER DE CAN ROCA: a integração total!
Porém, apesar do tema da sua intervenção ser precisamente “A Integração Total como a Vanguarda”, o chef catalão começou antes por contar a história do EL CELLER DE CAN ROCA – que se inicia na década de 60 do século passado, quando os seus pais deixam para trás o sul de Espanha rural e rumam a norte, fixando-se nos arredores de Girona, onde abriram o CAN ROCA… que ainda hoje continua aberto ao público e é, aliás, onde as equipas do premiado restaurante dos três filhos também almoçam!
Tendo depois Joan prosseguido com a apresentação do projeto do EL CELLER DE CAN ROCA, fundado em 1986, e das suas várias vertentes, para a seguir explicar a abordagem dos irmãos Roca ao tema da criatividade e elencar os 16 pontos de partida do complexo método criativo do restaurante, alguns dos quais a seguir exemplificou cozinhando cinco pratos ao vivo.
Porém, o mais importante foi mesmo o que Joan Roca foi deixando cair ao longo da apresentação... sobre a integração total!
E que se resume ao seguinte:
Quanto mais elementos extra-cozinha os Roca consigam acrescentar à sua cozinha, mais conseguem que ela seja (ou possa ser) de vanguarda!
O segredo está em trazer para o prato… o que não é do prato!
Em integrar no prato o que não seria suposto estar no prato!
Inclusivamente inventando máquinas para tal e criando a sua própria tecnologia.
Aí é que está a disrupção. Ou a vanguarda.
Concretizando, o truque é trazer a multidisciplinariedade.
Que começa desde logo com a integração das três distintas valências de cada um dos irmãos: Joan, o chef; Jordi, o pasteleiro; e Josep, o sommelier.
Mas que depois continua com todas as imensas colaborações externas do EL CELLER DE CAN ROCA – designers gráficos, designers industriais, artistas, engenheiros, professores universitários, investigadores, cientistas, botânicos, produtores, fornecedores, etc.
É a integração no prato de todos estes saberes e conhecimentos tão díspares… que transporta o restaurante para uma outra dimensão, que o leva para a linha da frente da vanguarda, que faz com que esteja a disputar o campeonato dos melhores restaurantes do mundo.
O segredo é, pois, a “integração total”!
Ou seja, juntar no prato todas as outras áreas do conhecimento!
Daí que atualmente a unidade de I&D do restaurante EL CELLER DE CAN ROCA – chamada La Masia – tenha mais de... 30 pessoas!
O método criativo do EL CELLER DE CAN ROCA tem 16 pontos de partida possíveis… mas o verdadeiro segredo é integração na cozinha de todas as outras áreas do conhecimento
Can Sunyer, 48, Girona, Espanha
Chef Joan Roca
Fran López
Foi com apenas 25 anos que Fran López obteve a sua primeira estrela Michelin, com o então TORREÓ DE L’INDIA, atual VILLA RETIRO, em Xerta, Tarragona – conservando-a desde o guia de 2010.
E entretanto abriu em 2016 um segundo restaurante – o XERTA, em Barcelona – que também já foi distinguido com uma estrela pelo guia encarnado.
Ora, a principal característica da cozinha de Fran López é utilizar os produtos e o receituário do Delta do Ebro num registo contemporâneo.
Daí que a intervenção feita no Congresso de Gastronomia Estrella Damm, onde apresentou cinco pratos, tenha sido dedicada a mostrar "Quando o Local se Transforma em Global".
Ou seja, como o seu trabalho de cozinheiro consegue servir de amplificador a uma pequena região, neste caso o delta do maior rio a desaguar em Espanha.
Mas também como, no seu caso, paradoxalmente ou talvez não, foi fazendo uma cozinha local que conseguiu o reconhecimento global!
VILLA RETIRO, hotel e restaurante
C/ Molins 2, Xerta, Tarragona, Espanha
Chef Fran López
Vítor Matos
No Congresso Gastronómico Estrella Damm, Vítor Matos, chef do ANTIQVVM, restaurante na cidade do Porto com 1 estrela Michelin, fez uma intervenção sobre “Recordações, Tendências, Globalização & Emoção”.
“Português, cidadão do mundo” – como gosta de dizer – Vítor Matos começou por explicar os quatro valores que norteiam a sua cozinha:
– As Influências;
– Os Sentidos;
– A Inovação;
– E os Produtos.
E depois apresentou três pratos que, cada um à sua medida, são a concretização desses mesmos valores:
– “Reino Maravilhoso”, homenagem a Miguel Torga;
– “Bordallo Pinheiro”, um prato de bacalhau; e
– “Memórias do Algarve”, recordação dos sabores das férias a sul, com lavagante e ostra.
Todos eles, como é habitual em Vítor Matos, pratos bastante complexos, sempre com mais de dez elementos.
Sendo esta complexidade e multiplicidade de elementos um tema bastante polémico e muito discutido no trabalho do chef.
De tal forma, aliás, que é o próprio Vítor Matos a tomar a iniciativa de o abordar nas suas apresentações.
Tendo, desta vez, referido expressamente que continua a não conseguir cozinhar apenas com três sabores – ficaria incompleto…!
Reino Maravilhoso
Bordallo Pinheiro
Memórias do Algarve
Rua de Entre-Quintas, 220, Porto, Portugal
Chef Vítor Matos
Toni Massanés
Num congresso de gastronomia, para além da visão de quem cozinha, é também importante a opinião de quem come.
Pelo que a sessão da tarde do Estrella Damm Gastronomy Congress abriu com uma intervenção de Toni Massanés, investigador gastronómico.
Deste modo, numa linha completamente diferente da de todos os outros oradores, o criador da Fundação Alícia, em vez de cozinhar ao vivo ou mostrar os seus últimos pratos, fez antes uma apresentação de síntese dedicada às tendências.
E, de facto, Toni Massanés inventariou tanta tendência que a conclusão mais óbvia é, desde logo, a de que quem andar atrás das tendências não conseguirá seguir todas elas – há inclusivamente muitas que colidem umas com as outras.
De qualquer forma, como é sempre interessante saber quais as tendências que foram identificadas, aqui ficam elas:
Formas da “alta cozinha” criar tendências
Tendências na restauração
Tendências de pratos ou técnicas
Influências gastronómicas
Tendências de produtos
Tendências de serviço
Revolução líquida
Tendências nutricionais
Tendências de sustentabilidade
Tendências de comunicação/divulgação
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