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Enólogo Carlos Rodrigues
Uma das características menos conhecidas da Adega Mayor é a enorme diversidade das suas castas.
Naturalmente, nem todas dão origem a vinhos varietais – como sucede, por exemplo, com a Galego Dourado, que Rui Reguinga prefere utilizar em lote, o que tornou tão interessante a possibilidade de a ter provado a solo na visita à adega.
Mas na Adega Mayor efetivamente muitas dessas castas acabam mesmo por originar vinhos estreme.
De modo que, uma outra forma de conhecer a Adega Mayor é através dos seus monocastas.
Que, curiosamente, nos mostram um Alentejo diferente, sempre com uma muita frescura!
Desta vez, provámos Pinot Noir em rosé.
Depois os brancos Sercial, Encruzado, Antão Vaz e Arinto.
E a seguir os tintos Touriga Franca, Syrah e Alicante Bouschet (o Entre Tantos).
Para terminar com um espumante que, não sendo monovarietal, acentua a ideia da existência de uma grande diversidade de castas na Adega Mayor – é feito com Pinot Noir, Pinot Gris e Sercial.
Pinot Noir 2018
Sercial 2017
Encruzado 2017
Antão Vaz 2018
Arinto 2018
Touriga Franca 2017
Syrah 2017
Alicante Bouschet 2013 – Entre Tantos
Pinot Noir, Pinot Gris, Sercial – Espumante Bruto Reserva
Ver também:
Adega Mayor
Herdade das Argamassas, Campo Maior, Alentejo, Portugal
Vítor Sobral: «Aqui cozinhou-se!!!»
Vítor Sobral foi o escolhido para cozinhar no jantar de homenagem a Rui Nabeiro que teve lugar na sala de barricas da Adega Mayor.
E o chef cozinhou mesmo!
De tal forma que, na nossa última visita à cozinha – improvisada nos fundos da adega, por entre as enormes cubas de inox – Vítor Sobral fez questão de pegar num pesado tacho para mostrar o fundo, ao mesmo tempo que dizia, com uma enorme satisfação:
– «Aqui cozinhou-se!!!»
De facto, neste jantar, Vítor Sobral apresentou quatro pratos de grande nível e com imensa identidade, sendo bem representativos da sua cozinha – uma cozinha assumidamente de raiz portuguesa, mas criativa e com muito mundo, incorporando em especial elementos da lusofonia, nomeadamente do Brasil.
E tendo todos os quatro pratos chegado no ponto certo e à temperatura adequada, apesar da dificuldade que é cozinhar para uma centena de pessoas em simultâneo, ainda para mais num espaço frio como uma adega.
Primeiro, bom jogo de texturas, contraste salgado/doce e dois elementos brasileiros, numa mousse quente de abóbora e mandioca, com farofa e caviar de salmão.
A seguir, bacalhau! Com Vítor Sobral, o bacalhau é sempre ótimo e este voltou a confirmar a regra. Tendo sido servido sobre um intenso creme de vieiras, que trouxe à memória o prato que o chef tinha levado há um ano ao ATELIER HENRIQUE SÁ PESSOA. Desta vez, porém, estava diferente, não tinha toucinho nem pistácio. E a salsa não era uma emulsão, mas antes uma deliciosa geleia, levemente doce, que contrastava na perfeição com os sabores salgados e iodados! Excelente!
E é então que chega o vinho da noite, o novo Entre Tantos, 100% Alicante Bouschet de 2013. Ora, para o vinho da noite, o prato da noite, o prato mais desafiante da noite! Tendo Vítor Sobral optado por trabalhar o porco – presa de porco assado com vinho tinto e com, pasme-se, gengibre! Um momento muito saboroso, muito complexo. Mas também um prato muito arriscado: o gengibre pode matar um vinho! Porém, aqui funcionou maravilhosamente! Devido ao equilíbrio da mão de Vítor Sobral. E devido também à frescura do Entre Tantos. De facto, foi notável a ligação do gengibre com os balsâmicos do vinho!
Tendo depois o jantar terminado com um especiado pudim de ovos em que sobressaía igualmente a apurada redução de Vinho do Porto.
Foi, pois, muito bonito a comida também ter sido uma homenagem a Rui Nabeiro!
Adega Mayor
Sala de barricas
Rui Nabeiro
Menu assinado por Vítor Sobral
Adega Mayor Seleção Branco 2018
Mousse de abóbora e mandioca com caviar de salmão
Adega Mayor Arinto 2018
Bacalhau, creme de vieiras, geleia de salsa e legumes verdes salteados
O vinho da noite, servido decantado
Entre Tantos tinto 2013
Com o vinho da noite, o prato da noite
Presa de porco assado com vinho tinto e gengibre, arroz de tâmaras, coentros e coco seco
Adega Mayor Orionte
Pudim de ovos com salada de frutos vermelhos, redução de Vinho do Porto, pimenta da Jamaica e cardamomo
Um brinde a Rui Nabeiro
Ver também:
Entre Tantos tinto 2013
Chama-se "Entre Tantos" o vinho de homenagem da família a Rui Nabeiro.
Já era um projeto antigo, possivelmente com mais de uma década.
Entretanto, o enólogo Rui Reguinga começou a colaborar com a Adega Mayor no final de 2012.
E, pelo menos desde então, começou a ser efetivamente preparada uma honenagem a Rui Nabeiro em forma de vinho – um vinho único e singular; uma edição especial que não se repetisse, do mesmo modo que há pessoas que não se repetem.
Claro que já tinha havido a homenagem ao arquiteto da adega, com o vinho Siza.
Mas agora era diferente, era uma homenagem ao próprio fundador do Grupo Nabeiro.
Tinha que ser ainda mais especial!
E tinha naturalmente que ser um vinho acima do topo de gama da casa, acima do Pai Chão – era esse o desafio para a equipa de enologia, só assim fazia sentido a homenagem a Rui Nabeiro: acima do topo de gama!
Pelo que o vinho começou a ser desenhado e pensado de raiz na vinha.
Só depois chegaria a vindima de 2013, a primeira de Rui Reguinga para a Adega Mayor.
Um ano extraordinário, em que foi possível fazer o topo de gama Pai Chão e também o Reserva do Comendador.
E em que Rui Reguinga, das 600 barricas de Alicante Bouschet, selecionou ainda as 12 melhores para fazer um varietal que, se tudo corresse como previsto, seria o tal vinho-tributo que Rita Nabeiro e a família lhe tinham pedido.
Após três anos de madeira e outros tantos de garrafa, o vinho foi finalmente apresentado na homenagem que a família prestou a Rui Nabeiro no dia nove de maio deste ano.
Tendo-se confirmado ser um vinho Mayor.
100% Alicante Boushchet, a casta que conquistou o Alentejo. E de uma vinha já madura, com 20 anos.
Denso, com uma cor granada profunda.
Nariz muito complexo – fruta preta madura, balsâmicos, fumados, chocolate preto.
Depois, na boca, mostra excelente volume e estrutura, tendo taninos finos e muito elegantes.
Terminando com um final longo, muito persistente.
E sendo um daqueles vinhos em que se sente que existe um enorme potencial de evolução.
Porém, com uma característica agradavelmente muito presente nos vinhos de Rui Reguinga e que nem sempre encontramos nos topos de gama, por vezes ainda muito fechados – é que pode ser apreciado desde já!
"Entre tantos, há sempre um"
Ver também:
Rita Nabeiro foi a voz da família...
... no jantar que decorreu na sala de barricas da Adega Mayor...
... de homenagem a Rui Nabeiro...
... e cujo menu teve a assinatura do chef Vítor Sobral.
O vinho de homenagem da família ao fundador do Grupo Nabeiro transformou-se também num livro...
... que começou com a sua terra, Campo Maior.
Depois, passando a página, chega o capítulo da adega...
... obra Mayor do arquitecto Siza Vieira.
Com os enólogos Carlos Rodrigues e Rui Reguinga a explicarem como fizeram o vinho da noite...
... prestes a ser apresentado.
Sendo então a família a subir ao palco para virar a página...
... do Entre Tantos...
... o vinho de homenagem a...
... Rui Nabeiro!
Que depois recebeu um brinde de toda a sala...
... com o novo e muito especial Entre Tantos tinto 2013.
2800 garrafas que são...
... a mais recente página a ser virada na extraordinária vida de Rui Nabeiro!
Ver também:
Adega Mayor
Herdade das Argamassas, Campo Maior, Alentejo, Portugal
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