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Dirk Niepoort e Stefano Goglio | O produtor e enólogo da Niepoort juntou-se ao Diretor-Geral da Nespresso Portugal na apresentação do primeiro café Nespresso envelhecido.
Deixar envelhecer os produtos é uma tendência que está cada vez mais na moda!
Da carne maturada aos vinhos e vinagres com longos estágios, passando pelos queijos de cura prolongada, pelas massas velhas do pão e pelos vegetais fermentados.
Moda que agora também chegou ao… café!
Embora antigamente por cá só se bebesse café envelhecido – no século XVIII, por exemplo, os barcos demoravam vários meses a chegar ao velho mundo…
Mas esta nova experiência de café é muito diferente da desses tempos!
Com efeito, a Nespresso selecionou um conjunto de grãos da variedade Arábica de elevada qualidade produzidos na Colômbia em 2014 e, em vez de os enviar de imediato para a Europa, resolveu guardá-los em sacas de forma controlada durante 3 anos (!) num armazém sem janelas nas montanhas colombianas, a cerca de 3.700 metros de altitude e em condições muito especiais de pressão atmosférica, temperatura, humidade e luz.
Tendo acabado de o lançar no início de janeiro de 2017 como edição limitada, aliás bastante rara. Embora seja provável que, devido ao sucesso alcançado nesta maturação, no futuro surjam mais cafés envelhecidos.
Quanto ao nome da limited edition, dado que a Nespresso tem desde sempre aproximado a vivência do café ao universo do vinho – são os Grands Crus, os terroirs, os sommeliers de café, os copos Riedel, a análise visual/olfativa/sensitiva, o coffee pairing – a inspiração foi o ‘Vintage’, o Rei dos Vinhos do Porto, proveniente de uma única colheita excecional e engarrafado dois a três anos após a vindima.
O resultado é então o Nespresso Selection Vintage 2014, um café muito aromático e complexo, destacando-se as elegantes notas amadeiradas. E apresentando uma textura aveludada, que nos enche a boca.
Bastante equilibrado, foi-lhe atribuído o nível de intensidade 7.
Proporcionando uma experiência sensorial única. E nova.
Merecendo este café ser bebido num copo Riedel – em particular, no Reveal Intense, o da boca mais estreita.
E com tempo, para o podermos saborear devidamente.
Aliás um dos segredos da degustação de um café – para além naturalmente de o passarmos por toda a boca e pela língua, como fazemos com o vinho – é bebê-lo devagar, pois quando a temperatura desce ligeiramente começam a surgir novos aromas…!
2014 e 2011 | Dirk Niepoort apresentou dois Vinhos do Porto. Primeiro, um de 2014, um ano ‘não-clássico’ no Douro (e também o mesmo ano deste café Vintage da Nespresso), proveniente de uma vinha quente e virada a sul, engarrafado já em 2017 e apresentando-se ainda novo e cru. Em especial quando confrontado com um Vintage do mítico ano de 2011, o biológico Bioma Vinha Velha, muito mais longo e complexo, e que Dirk Niepoort continua a fazer questão de engarrafar à moda antiga, ou seja, somente no terceiro ano após a colheita, quando atualmente a maioria dos produtores apenas espera dois anos.
Nespresso Selection Vintage 2014 | Edição limitada, feita com grãos de café envelhecidos durante três anos em ambiente controlado. Como a Nespresso gosta de dizer, «a new taste crafted by time».
Na Chef’s Table do VILA JOYA: Arnaud Vallet, Dieter Koschina, Hermínio Sanona
Na comemoração dos 20 anos da atribuição da primeira estrela Michelin ao VILA JOYA de Dieter Koschina…
… para acompanhar os vinte amuse-bouche preparados por outros tantos chefs que ao longos dos anos treinaram e aprenderam no paradisíaco resort algaravio com o mestre austríaco…
… os escanções Arnaud Vallet e Hermínio Sanona escolheram dez vinhos e uma cerveja – sempre com o aval final de Dieter Koschina!
Arnaud Vallet e Dieter Koschina
Para começar, Champagne!
Cortando a gordura do foie gras…
… quer do mais suave, de Klaus Deutschmann; quer do mais intenso, de Peter Hagen…
… a escolha recaiu num dos Champagnes preferidos de Koschina, o delicado Billecart-Salmon Brut Rosé, feito com Chardonnay, Pinot Meunier e ainda um pouco de Pinot Noir vinificado como tinto.
Billecart-Salmon Brut Rosé
Depois…
… com a frescura da salada de caranguejo de Alexander Kooman e da truta salmonada de Gunther Döberl…
… a mineralidade e a frescura do Crasto branco da colheita de 2014, produzido a partir de Rabigato, Viosinho e Gouveio na Quinta do Crasto, na margem direita do rio Douro, entre a Régua e o Pinhão.
Arnaud Vallet e o Crasto branco 2014
Com os aromas trufados…
… da couve-rábano de Michael Wolf e do tamboril de Siggi Tschurtschenthaler…
… o primeiro tinto da noite!
Da Bairrada, veio a segunda edição, de 2013, do Poeirinho de Dirk Niepoort – proveniente de vinhas centenárias e engarrafado em junho de 2015 após estagiar 20 meses em tonel, é um vinho de Baga não apenas muito fresco mas também bastante leve e polido.
Poeirinho tinto 2013
E depois…
… o regresso ao Champagne!
Com os aromas intensos e salgados…
… do ouriço-do-mar de Richard Nussel e do Caviar Imperial dos ravioli de aipo de Rudi Tomsej…
… o elegante e encorpado Billecart-Salmon Brut Sous Bois, um Champagne fermentado em madeira.
Billecart-Salmon Brut Sous Bois
Com a vieira de Lucy Lourenço Queiroz e a caldeirada de bacalhau de João Tavares…
… mais um vinho de Dirk Niepoort!
O fresco e mineral Redoma Reserva branco de 2014, feito no Douro com uvas de vinhas muito velhas, com mais de 80 anos, plantadas a 600 metros de altitude em solos de micaxisto, que estagiou sem bâtonnage durante 10 meses e foi engarrafado em Junho de 2015.
Redoma Reserva branco 2014
A seguir…
… com o picante…
… do tomate da sopa de parmesão de Julian Karr e do caril dos ravioli de gambas Gerhard Brugger…
… a sedutora mineralidade e complexidade do Douro no VZ branco de 2013, produzido pela Van Zeller’s & Co.
VZ branco 2013 Magnum
Já com as bolinhas fritas de batata, de Matthias Bernwieser…
… a surpresa de uma cerveja!
Que, com um sabor levemente doce e maltoso, era a Helles de Munique na versão da portuguesa Sovina.
Hermínio Sanona e a cerveja Sovina Helles
Depois…
… com o cordeiro de Christian Spitzer e a corça de Peter Kroiss…
… um clássico do Douro e de Portugal, o Quinta do Vale Meão, da colheita de 2013.
Quinta do Vale Meão tinto 2013
A seguir…
… com os dois últimos pratos de carne, as bochechas de porco de Christian Gölles e os sabores austríacos de Clemens Nachbaur…
… o Douro Boys Cuvée 2011, vinho tinto comemorativo do décimo aniversário do grupo de produtores que junta as virtudes de cada uma das quintas: a estrutura da Quinta do Vallado; a frescura da Niepoort; a fruta da Quinta do Crasto; a mineralidade da Quinta Vale D. Maria; e o corpo da Quinta do Vale Meão – tendo sido produzidas apenas 750 garrafas magnum!
Douro Boys Cuvée tinto 2011 Magnum… servido decantado
Passando para as sobremesas…
… com a sopa de pimentos doces de Thomas Klug e os sabores anisados de Jens Rittmeyer…
… o Riesling Au... Au... de Dirk Niepoort no Douro, que conjuga doçura com acidez.
Au... Au... Riesling 2011
Por fim…
… com o chocolate e as especiarias de Bernhard Posch…
… o intenso, cremoso e complexo Porto Tawny 40 anos da Quinta do Vallado!
Quinta do Vallado 40 Years Old Tawny
Foi o fim de um grande jantar…
… também ao nível dos vinhos!
Arnaud Vallet e o fim do que foi (também vinicamente) um grande jantar
Ver também:
VILA JOYA | Vila Joya – Home, Restaurant & SPA, Estrada da Galé, 120, Albufeira, Portugal | Chef Dieter Koschina
Dirk Niepoort: «A acidez é a espinha dorsal de qualquer vinho»
A palavra-chave é… acidez!
Para Dirk Niepoort, «a acidez é a espinha dorsal de qualquer vinho»…
… servindo como garantia de frescura… de longevidade… de equilíbrio… de elegância!
Daí que a altitude seja um dos factores que Dirk Niepoort utiliza a fim de obter a tão desejada acidez para os seus vinhos... embora não seja o único factor – a altitude faz a diferença mas tem que ser conjugada com todos os restantes elementos que concorrem para a feitura do vinho.
Tendo Dirk Niepoort apresentado quatro vinhos no workshop dedicado aos Vinhos de Altitude que decorreu em Vila Nova de Tazem, organizado pela Câmara Municipal de Gouveia e promovido pela Revista de Vinhos.
Dois brancos já no mercado...
A abrir, o novo e reinventado Tiara da colheita de 2012 – extraordinariamente fresco, equilibrado e elegante, é feito a partir de vinhas com mais de 60 anos, plantadas no Douro acima dos 600 metros de altitude.
Depois… um vinho alemão. Dirk Niepoort trouxe um Riesling do Mosel, produzido por Phillip Kettern a partir de uma vinha velha virada a norte… e que é a mais alta da sua propriedade – novamente o factor altitude.
... e dois futuros tintos Niepoort... o Turris e o Dão Conciso
A seguir, Dirk Niepoort deu a provar dois vinhos... que ainda não lançou para o mercado.
Primeiro, o Turris 2012, vinho de uma vinha só, a 700/800 metros de altitude e com mais de cem anos, e que era uma vinha de correcção – habitualmente era vindimada muito cedo e servia para corrigir a falta de acidez dos restantes vinhos, em especial nos anos quentes…
… gostando Dirk Niepoort que o Turris se transformasse no novo topo de gama da casa, em especial por ser um vinho que é o oposto dos tintos modernos do Douro, que têm sempre muito corpo e muita concentração. Fresco e elegante, este Turris «não tem extracção nenhuma»… não é frutado… é um vinho que cresce depois de se beber… não explode quando entra na boca, sendo antes explosivo no fim… e tem apenas 12,5% de álcool.
Finalmente o Dão Conciso Tonel 4. Como para Dirk Niepoort há dois erros no Dão – o arrancar das vinhas velhas e o excesso de Touriga Nacional – este seu Dão, do concelho de Gouveia (ou seja, com altitude…), é proveniente de duas vinhas muito velhas… e sem Touriga Nacional!
Dois vinhos que vão continuar a evoluir antes de serem engarrafados... e que prometem dar que falar!
Tiara branco 2012
Goldtröpfchen Riesling Trocken branco 2012
Turris tinto 2012
Dão Conciso Tonel 4 tinto 2012
(Parte VII – Fim)
Ver também:
Vinhos de altitude: só quando o factor altitude faz a diferença
Workshop Vinhos de Altitude | Vila Nova de Tazem, Gouveia, Portugal | 18 Julho 2014
Vinho de altitude não é aquele que é feito a partir de um determinado número de metros acima do nível do mar – o critério não é quantitativo.
Só estamos perante um vinho de altitude quando o factor altitude for capaz de introduzir diferenciação e tiver influência no produto final.
Como é sabido, existem inúmeros factores com influência no vinho: solo, clima, exposição solar, etc. E também altitude!
Ora, só quando este factor altitude marca a diferença é que temos um vinho de altitude – independentemente de tal suceder a 250, 500 ou 1000 metros de altitude!
Celso Pereira, Dirk Niepoort, Álvaro Castro, Rui Reguinga, Luís Lopes, Rui Roboredo Madeira, João Paulo Gouveia
(Parte I – Continua)
Ver também:
Parte I – Vinhos de altitude: só quando o factor altitude faz a diferença
Parte II – O factor altitude... influencia o vinho em quê?
Parte III – Beyra, os vinhos de altitude de Rui Roboredo Madeira... no planalto da Beira Interior
Parte IV – Rui Reguinga e o Alentejo da Serra de Portalegre
Parte V – Celso Pereira e a altitude do planalto de Alijó
Parte VI – Álvaro Castro e o Dão da Serra da Estrela
Parte VII – Dirk Niepoort... e a altitude como forma de obter a acidez
Workshop Vinhos de Altitude | Vila Nova de Tazem, Gouveia, Portugal | 18 Julho 2014
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