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Michelin retoma lançamento de guias
No seguimento da nova estratégia “digital first”, este mês de junho tem sido marcado pela novidade dos múltiplos sinais positivos e de redobrada confiança que o Guia Michelin tem enviado, não apenas ao universo da restauração, mas também ao público em geral.
Desde logo, através do reforço da presença do Guia nos meios digitais.
O qual, aliás, teve um interessante desenvolvimento para Portugal.
O bolo de André Cruz
Com efeito, no dia 5 de junho, no âmbito do #MichelinGuideAtHome – que vai apresentando receitas caseiras de chefes conhecidos e que tinha começado em março com o “Marinara Sauce” de Gordon Ramsay –, a página oficial do Instagram do Guia Michelin, com mais de 2 milhões de seguidores, publicou a receita do “Bolo de Chocolate e Noz” de André Cruz, subchefe de João Rodrigues, no FEITORIA, do Altis Belém Hotel & Spa, em Lisboa, 1* 2020.
Naturalmente, a receita – “a sumptuously sweet treat for the senses” – saiu em inglês.
Porém, em maio passado, já tinha sido previamente divulgada em português no Instagram do FEITORIA – podendo ser consultada aqui.
Merecendo ainda destaque o facto de André Cruz ter referido ao Guia Michelin que utilizou as Farinhas Paulino Horta e os ovos biológicos da Quinta do Poial, bem como nozes bio de uma produção familiar no Alentejo.
O “Bolo de Chocolate e Noz” de André Cruz no Instagram do Guia Michelin
Sendo, pois, muito estimulante o gosto de André Cruz pela pastelaria!
De facto, a única vez que provámos a cozinha em nome próprio deste experiente sous-chef – que com 21 anos integrou a equipa inicial do FEITORIA e ao qual voltou após uma passagem pela América do Sul que incluiu o GUSTU na Bolívia e o BORAGÓ no Chile – foi em novembro passado, nos 8 anos da AdegaMãe.
E já aí a sobremesa tinha sido, manifestamente, um dos pontos altos do jantar!
Com André Cruz a apresentar uma complexa e minimalista criação, em torno de um único ingrediente:
“Texturas de Leite de Vaca”!
Novos lançamentos
Porém, neste mês de junho de 2020, para além do crescente destaque dado às plataformas digitais, a grande novidade foi mesmo a Michelin ter finalmente regressado àquilo que faz melhor.
Ou seja, ao lançamento de guias!
E, até ao momento, já lançou dois!
Eslovénia 2020
O primeiro guia Michelin a sair após o início da crise sanitária provocada pela covid-19 foi anunciado no dia 16.
E constituiu uma novidade absoluta!
O guia da Eslovénia!
Efetivamente é a primeira vez que este país dos Balcãs tem um Guia Michelin!
E na edição de estreia, sem surpresa, o grande destaque é o HIŠA FRANKO – da chef Ana Roš, “The World’s Best Female Chef 2017”, que tinha estado no Peixe em Lisboa, em 2018 – ao qual o Guia atribuiu duas estrelas Michelin.
Existindo ainda, depois, cinco restaurantes com uma estrela.
Main Cities of Europe 2020
Entretanto, já na passada sexta-feira, 19 de junho, foi anunciado o segundo guia pós-pandemia.
O guia “Main Cities of Europe 2020”, cuja divulgação esteve inicialmente prevista para março passado.
E que, nesta nova edição, inclui 39 cidades em 23 países.
Contudo, embora para a maioria dos países europeus – Portugal incluído – este guia das principais cidades seja uma mera recompilação parcial de informação que já foi divulgada, para os países que não têm guia próprio esta edição das principais cidades da Europa funciona como “o” seu guia.
É o que acontece, por exemplo, com a Polónia – que recebeu uma nova estrela, em Cracóvia.
E, claro, com a Áustria. Onde o AMADOR, do chef Juan Amador, em Viena, voltou a ser distinguido com três estrelas Michelin. Continuando, aliás, a ser o único tri-estrelado austríaco. Existindo depois seis restaurantes com duas estrelas – incluindo os extraordinários STEIRERECK IM STADTPARK e KONSTANTIN FILIPPOU. E ainda onze restaurantes com uma estrela, dois deles novidade em 2020.
Juan Amador (em 2017, no GUSTO by Heinz Beck, 1* 2020, do Conrad Algarve): o seu AMADOR, em Viena, novamente 3*** em 2020
Tendo ainda Gwendal Poullennec, diretor dos Guias Michelin, aproveitado igualmente este lançamento para deixar mais uma mensagem de confiança:
«After the challenges of the last three months, I am delighted that the delayed launch of the MICHELIN guide Main Cities of Europe 2020 coincides with the gradual reopening of restaurants across Europe following a relaxation of restrictions implemented during the pandemic.
These new awards highlight the range and quality of restaurants spread across the countries of Europe.
We know that diners are keen to rediscover the joy of dining out.
I also know our teams of inspectors share the same excitement and are looking forward to returning to eating out and highlighting the passion and creativity of chefs to our readers.»
Sendo, portanto, de esperar que nas próximas semanas a Michelin continue a acertar o calendário e vá procedendo ao lançamento dos restantes guias de 2020 ainda em falta devido à paragem provocada pela pandemia.
Ver também:
Enólogo Diogo Lopes, chef André Cruz e Bernardo Alves, diretor-geral da AdegaMãe, com o novo Terroir Branco 2016
Quanto mais raro, mais valioso – geralmente é essa a regra.
Ora, no universo da restauração, se há algo que praticamente não existe (e que raramente é disponibilizado ao público) é a cozinha do n.º 2 – o n.º 2 (seja ele chamado de “subchefe” ou de “chefe executivo” ou de “chefe residente” ou inclusivamente de “braço direito do chefe”, a denominação vai variando) até colabora no processo criativo e inclusivamente costuma ser aquele que, de facto, manda no dia-a-dia da cozinha, para não dizer que é quem verdadeiramente cozinha; porém, quando faz, executa a cozinha do n.º 1.
Daí ser tão valiosa a circunstância rara de termos um segundo a cozinhar em nome próprio e a apresentar a sua própria cozinha!
Daí ser tão valiosa a circunstância rara de conhecermos a assinatura de quem habitualmente não assina!
Foi essa a génese do Sangue na Guelra, a de mostrar a cozinha dos subchefes, embora entretanto o evento já tenha evoluído para uma outra realidade. Foi igualmente esse o encanto, por exemplo, de termos tido David Jesus, do BELCANTO, a criar o tártaro de janeiro de 2016 da TARTAR-IA. E seria essa também, para citar um caso da atualidade, a beleza de o BON BON dar a conhecer o menu com que, ontem mesmo, o subchefe Ricardo Luz venceu o concurso Chefe Cozinheiro do Ano de 2019.
Tendo sido também essa a tão fascinante quanto estimulante situação que aconteceu no evento de celebração dos 8 anos da AdegaMãe (e que serviu igualmente para a apresentação dos seus novos topos de gama, os Terroir).
Com efeito, o escolhido para cozinhar no enoturismo da AdegaMãe foi André Cruz, o n.º 2 de João Rodrigues no FEITORIA, do Altis Belém!
O qual apresentou a sua própria cozinha de autor!
Não foi a primeira vez que o fez, mas para nós foi uma estreia – e bastante auspiciosa!
Naturalmente, a comida estava pensada para fazer brilhar o vinho.
Mas, ainda assim, deu para perceber que é uma cozinha poderosa, com André Cruz a não ter medo de usar sabores fortes – como as línguas e os sames de bacalhau ou a mão-de-vaca.
E, melhor ainda, num registo minimalista – o que é um elogio – e com bastante maturidade.
Para além de André Cruz, como seria de esperar, demonstrar um enorme domínio técnico e um grande controlo dos pontos de confeção.
Foi, pois, uma extraordinária descoberta!
AdegaMãe Espumante Blanc de Blancs Bruto 2016
Pastéis de bacalhau com creme de alho negro
Vinhos atlânticos
Mesa com vista para a adega
8 anos e os novos Terroir
Pão de centeio e broa de milho…
… com azeite
AdegaMãe Viosinho branco 2018
Tártaro de gamba do Algarve alimada – bastante equilibrado em termos de acidez e até com notas levemente doces – e avelã em várias texturas, incluindo no molho servido já na mesa
AdegaMãe Terroir Branco 2016
Arroz, bastante cremoso, de línguas de bacalhau estufadas e fritas – tão cremoso e sedutor, aliás, que poucos bagos inteiros tinha
André Cruz cozinhando os cogumelos com o famoso Viosinho da AdegaMãe
AdegaMãe Terroir Tinto 2015
Cogumelos selvagens, espargos e gema – extremamente aromático e cremoso; o primeiro passo é envolver tudo
Lombo de novilho, mão-de-vaca – plena de sabor e de uma envolvente textura gelatinosa – e esparregado de nabiça
Depois do Terroir Tinto… regressa o Branco!
Dourada de mar assada, estufado de chuchu em brunesa e, escondidas na base, rodelas de carabineiro e cebolinho, sendo o poderoso molho feito com as cabeças dos carabineiros
Regresso ao início com o Espumante Blanc de Blancs
Texturas de leite de vaca, extraordinária sobremesa em torno de um único ingrediente
Entretanto a mesa pediu o regresso do emblemático Viosinho
Pastéis de feijão
André Cruz e Bernardo Alves
8 anos
Making-of da fotografia da jornalista Maria João Almeida, com a adega em fundo
João Alves – a quem agradeço ter tirado a fotografia que está no Instagram – e André Cruz
AdegaMãe
Ver também:
AdegaMãe
Ventosa, Torres Vedras, Portugal
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