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Marlene Vieira e João Sá cozinhando na apresentação do Saborea Lanzarote
Lanzarote é a ilha mais oriental do arquipélago espanhol das Canárias.
Fica em pleno Oceano Atlântico, a sul da Madeira e junto da costa ocidental africana, em frente a Marrocos.
E tem um emblemático festival “enogastronómico”, o Saborea Lanzarote.
Um festival que promove os produtos locais – em especial, os queijos, o sal de Janubio, as gambas de La Santa, a ‘papa’ (batata) de los Valles, o ‘patudo canario’ (atum vermelho) e, claro, os vinhos vulcânicos.
E um festival que também promove a ilha como destino gastronómico, com grande enfoque no enoturismo.
Possuindo, porém, o festival Saborea Lanzarote, uma outra característica muito especial!
Enquadra as Canárias e a sua cozinha no âmbito do chamado “Atlântico Médio” – o qual, por oposição aos mares gélidos do Atlântico Norte e também ao Mediterrâneo, é uma faixa oceânica que vai desde a Galiza à Mauritânia, incluindo a costa portuguesa e a marroquina, bem como os arquipélagos dos Açores e da Madeira e, ainda, o de Cabo Verde.
Daí fazer, pois, todo o sentido que, para esta 9.ª edição do Saborea Lanzarote, a decorrer em Teguise, nos dias 23 e 24 de novembro, a cidade convidada seja precisamente… Lisboa!
Indo, então, a capital portuguesa participar no mais importante evento gastronómico das Ilhas Canárias com uma comitiva de luxo.
Henrique Sá Pessoa, do ALMA, com duas estrelas Michelin, marcará presença na ‘Aula del Gusto’ e irá fazer uma apresentação da sua cozinha – isto, a par de chefes espanhóis de nomeada, como os irmãos gémeos Sergio e Javier, do COCINA HERMANOS TORRES, duas estrelas Michelin, em Barcelona; Oriol Castro, do DISFRUTAR, duas estrelas Michelin em Barcelona e n.º 9 do mundo; e Andoni Luis Aduriz, do MUGARITZ, duas estrelas Michelin em San Sebastián e n.º 7 na lista dos 50 Best.
Mas não irá sozinho!
Com efeito, nestes dois dias, Lisboa estará igualmente representada por um conjunto de chefes que irão servir os pratos típicos da cidade – e também criações próprias – aos visitantes do festival: Marlene Vieira (PANORÂMICO e MARLENE VIEIRA no Time Out Market - Mercado da Ribeira), João Sá (SÁLA), André Magalhães (A TABERNA DA RUA DAS FLORES) e Bertílio Gomes (CHAPITÔ À MESA e TABERNA ALBRICOQUE), bem como a famosa PASTELARIA ALOMA, com os seus premiados Pastéis de Nata.
É bonito quando a cozinha une os povos!
Malvasía Volcánica, casta branca autóctone de Lanzarote
Duarte Calvão (Diretor do Peixe em Lisboa) e Fernando Medina (Presidente da Câmara Municipal de Lisboa)
Começou esta quinta-feira a 10.ª edição do Peixe em Lisboa, o mais emblemático festival gastronómico português, que decorre no renovado Pavilhão Carlos Lopes, ao Parque Eduardo VII.
Até dia 9 de abril, haverá dez restaurantes residentes com menus dedicados ao peixe e ao marisco – ALMA, RABO D’PÊXE, VARANDA - RITZ FOUR SEASONS HOTEL LISBOA, A TABERNA DA RUA DAS FLORES, KIKO MARTINS, BOI-CAVALO, IBO, CHAPITÔ À MESA, AROLA e RIBAMAR.
Bem como o habitual mercado de produtos gourmet, apresentações de cozinha por chefes de renome nacional e internacional, concursos gastronómicos e muito mais.
O programa completo pode ser consultado aqui.
ALMA – Henrique Sá Pessoa
RABO D’PÊXE – Paulo Morais e o Boca Negra
VARANDA - RITZ FOUR SEASONS HOTEL LISBOA – Pascal Meynard
A TABERNA DA RUA DAS FLORES – André Magalhães
KIKO MARTINS – António Barros ao centro, com Sara Bilro, Cláudia Chaves, David Vieira e Sara Abreu
BOI-CAVALO – Hugo Brito
IBO – João Pedro Pedrosa
CHAPITÔ À MESA – Bertílio Gomes
AROLA – Milton Anes e André Mendes
RIBAMAR – Hélder Chagas
Este ano, os vinhos são da região de Lisboa...
... e o café Nespresso está no centro da sala
Cozinha DOCAPESCA – Luís Figueiredo, da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, com quatro alunos, incluindo Inês Vasconcelos, Madalena Tomás e Susana Marques
Loja dos Cozinheiros – João Lobão e Marco Paiva
Queijaria – Paulo Cardoso
Projeto “Muita Fruta”, Cozinha Popular da Mouraria – Adriana Freire e Irina Gomes
Santini
Nannarella
Pedro O. Silva Reis e André Magalhães
A busca da frescura e da acidez que tão bem funciona à mesa tem levado à crescente valorização dos vinhos das terras mais altas.
Como sucede no Douro com a coleção de varietais produzidos a partir de castas nacionais e estrangeiras na Quinta de Cidrô, da Real Companhia Velha, a mais de 600 metros de altitude.
Brancos da Quinta de Cidrô, obras de arte vínicas apresentadas na Galeria Bessa Pereira, em Lisboa
Miguel Ângelo Rocha, “Tilted Loop”, 2016, e as novidades de verão da Quinta de Cidrô
5 brancos varietais e 1 rosé
Numa prova conduzida por Pedro O. Silva Reis, a terceira geração da família na Real Companhia Velha
E comentada pelo enólogo Jorge Moreira
Depois, chegou o confronto do vinho com a comida, servida por André Magalhães, d’A TABERNA DA RUA DAS FLORES
Para abrir o apetite, texturas crocantes e sabores salgados
A seguir, sabores ácidos e picantes num delicioso kinilaw (ceviche filipino) de camarão que André Magalhães apresentou com ajo blanco na base… acompanhado pelo aromático e cítrico Alvarinho da Quinta de Cidrô de 2015, claramente um Alvarinho do Douro, mais denso e com maior estrutura
Para acompanhar o novo e intenso Sauvignon Blanc, uma variedade que se dá muito bem em Cidrô, originando vinhos frescos e minerais, plenos de sabor a fruta mas com um perfil “velho mundo”… a escolha óbvia de uma ostra, à qual André Magalhães juntou “trufa de verão” e ainda os sabores salinos das algas e da salicórnia
Ervilhas – não com presunto mas com muxama – e clara de ovo frita, simbolizando o tradicional ovo escalfado. Para comer à colher… acompanhado do fascinante Boal – nome dado no Douro à casta Sémillon – da Quinta de Cidrô mas da colheita de 2014, pois, devido ao benefício da complexidade terciária, o vinho estagia 8 meses em barrica e é lançado mais tarde no mercado. Fino, elegante, complexo, seco, com uma excelente acidez – e nada doce, ao contrário do que acontece com a versão botrytisada desta casta que a Real Companhia Velha faz do outro lado do Rio Douro no planalto de Alijó, o Grandjó Late Harvest
Brincando com a moda dos “à Brás”, André Magalhães serve batata frita palha com um ovo de codorniz, salsa, citrinos e butarga (ovas secas de peixe, neste caso corvina) ralada… acompanhada do varietal da Quinta de Cidrô mais bem-sucedido comercialmente, o Chardonnay – denso, concentrado, poderoso, complexo, com boa fruta, mas cujo perfil tem estado a evoluir, com o enólogo Jorge Moreira a reduzir a presença da madeira, tornando mais subtis as notas amanteigadas
O tailandês caril massaman, suave e complexo, com a frescura cítrica das folhas da combava, também conhecida como lima kaffir, e a surpresa do arroz tufado frito… conjugado com dois vinhos diferentes da Quinta de Cidrô da colheita de 2015: o branco monovarietal Gewurztraminer, muito intenso aromaticamente mas depois seco e austero na boca, mostrando bem o terroir de Cidrô; e o rosé, feito a partir de Touriga Nacional e Touriga Franca, com aromas a frutos vermelhos e sabores frutados, que, por enquanto, continua a ser o único rosé do vastíssimo portefólio da Real Companhia Velha
Por fim, um clássico d’A TABERNA DA RUA DAS FLORES, o queijo de cabra artesanal Granja dos Moinhos, produzido por Adolfo Henriques na Maçussa, que André Magalhães serve panado, com mel trufado... e ainda uma flor de hibisco cristalizada!
Para acompanhar o queijo e o doce (ou seja, a flor cristalizada), bem como para digestivo de um almoço dedicado aos brancos da Quinta de Cidrô, Pedro O. Silva Reis resolveu surpreender com um inesperado Vinho do Porto branco… de Cidrô! Complexo e com uma acidez incrível, foi produzido na década de 70 do século passado a partir de uvas da vinha velha de castas brancas da Quinta de Cidrô e estagiou dois ou três anos em balseiro antes de ser engarrafado. Tendo agora Pedro O. Silva Reis descoberto algumas dessas garrafas na garrafeira pessoal do Avô na Casa Redonda da Quinta das Carvalhas! Um vinho absolutamente incomum, até porque Cidrô não é uma quinta de Portos!
Os vinhos do almoço dedicado à frescura de Cidrô:
Quinta de Cidrô Alvarinho branco 2015
Quinta de Cidrô Sauvignon Blanc branco 2015
Quinta de Cidrô Boal branco 2014
Quinta de Cidrô Chardonnay branco 2015
Quinta de Cidrô Gewurztraminer branco 2015
Quinta de Cidrô Rosé 2015
Real Vinícola Porto Extra Dry White (anos 70)
Pedro O. Silva Reis e André Magalhães
Pedro Lemos, José Avillez, André Magalhães
Ter um blog não basta. Para escolher os chefs e os restaurantes preferidos de cada ano, Duarte Calvão e Miguel Pires fazem questão de reunir as opiniões de um conjunto alargado de pessoas do meio gastronómico – este ano foram 90 os jurados que votaram, entre chefes de cozinha, responsáveis por restaurantes, jornalistas, bloggers, críticos e gastrónomos.
José Avillez e o BELCANTO foram novamente os grandes vencedores, são o chef e o restaurante preferidos do blog Mesa Marcada em 2014 – conferir os resultados aqui.
Pedro Lemos foi o “Destaque do Ano”, tendo A TABERNA DA RUA DAS FLORES de André Magalhães vencido na categoria de restaurante do dia-a-dia.
E o meu obrigado ao Duarte Calvão e ao Miguel Pires – foi uma honra pertencer a um painel de votantes tão distinto.
Duarte Calvão e Miguel Pires
Fotografias: Marta Felino
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