Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Scala Coeli tinto 2016 (Alicante Bouschet)
Agora está na moda os produtores alentejanos fazerem os seus topos de gama – ou seja, os vinhos que melhor os representam – a partir exclusivamente de Alicante Bouschet.
Sendo, aliás, habitual ouvi-los dizer que esta é uma casta já “alentejana de adoção” ou até “a casta rainha do Alentejo”.
De modo que é muito interessante verificar que a Fundação Eugénio de Almeida - Adega Cartuxa – pelo menos, por enquanto – vai por um caminho diferente.
Também tem um varietal de Alicante Bouschet.
E de perfil premium.
Mas coloca-o antes sob a marca Scala Coeli.
Isto é, sob a outra marca topo de gama da Cartuxa, aquela dedicada ao vinho produzido a partir das melhores vinificações do ano, mas de castas “estrangeiras” ao Alentejo!
Castas, portanto, não-tradicionais ou pouco utilizadas na região ou introduzidas há relativamente pouco tempo, sejam elas portuguesas ou estrangeiras.
O que significa que a Fundação Eugénio de Almeida - Adega Cartuxa assume, claramente e sem rodeios, que a casta Alicante Bouschet não é alentejana, não é uma casta tradicionalmente alentejana!
Tal como não o é a Touriga Nacional, a Petit Verdot, a Syrah ou a Cabernet Sauvignon, só para citar varietais Scala Coeli já lançados pela Cartuxa.
Mas isso, contudo, não a impede de trabalhar – e bem – esta variedade de uva.
Que, para além de estar presente a solo no Vinho de Talha, faz também parte de muitos dos seus lotes de tintos – embora não entre no icónico Pêra-Manca, elaborado habitualmente apenas a partir de Trincadeira e Aragonez.
Mas mais!
Quando o ano o permite, a Alicante Bouschet está igualmente no melhor vinho das castas “não-alentejanas”!
Ou seja, no Scala Coeli – que, não por acaso, significa “escada para o Céu” em latim.
Já tinha acontecido na colheita de 2013.
E agora torna a acontecer com o 2016, assinado mais uma vez pelo enólogo Pedro Baptista.
Um vinho esplendoroso!
Bastante concentrado e poderoso, mas com imensa frescura – muito bosque, muita resina, não é só fruta preta, também tem um lado vegetal.
Porém, desde já, com 16 meses de garrafa após 16 meses de barrica, num registo não rústico mas de enorme finesse e elegância.
Tendo sido produzido em pequena quantidade – são apenas 6500 garrafas numeradas.
E com um PVP de 58 € – ótimo preço, desde logo, quando comparado com o Pêra-Manca tinto.
Sendo, pois, novamente, uma autêntica escada… do Alentejo para o Céu!
Só ficando uma dúvida.
Com cada vez mais produtores alentejanos a fazer alguns dos seus melhores vinhos a partir exclusivamente de Alicante Bouschet – como sucede também com este Scala Coeli 2016 da Fundação Eugénio de Almeida - Adega Cartuxa – será que no futuro, daqui a 20, 50, 100 anos, ainda vai ser possível dizer que a Alicante Bouschet é uma casta “pouco Alentejana”?
Ou não será que o Alicante Bouschet, num registo mais ou menos rústico, vai entretanto passar a ser (se é que já não é) um perfil tipicamente alentejano?
100% Alicante Bouschet
Escada para o Céu
2016
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.