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Romãria
Era assim que, no final de março e já em pleno confinamento, a MUSA anunciava a sua então nova cerveja:
«Salvem-se os bailaricos de Verão, os fogos-de-artifício e aquele querido mês de agosto. Salvem-se as taras e manias, os yaya e yoyos, os pisca pisca e os mexe mexe que eu gosto. Salvem-se os carrinhos de choque, as farturas, o temporal de amor, os roça roça e as procissões das velas. Salve-se o verão, as férias grandes e as falésias do amor.
Salvem-se as romarias e beba-se Romãria. A nova berliner weisse a sair dos nossos fermentadores está carregada de romãs e frescura primaveril. Seca, pálida e frutada, tem a acidez certa para corroer a sede por dias melhores.»
De modo que guardámos logo duas garrafas, para abrir agora nos Santos Populares!
E, de facto, confirmou-se que nesta leve e gastronómica MUSA, à frescura da Berliner Weisse, junta-se a acidez cortante da… romã!
À mesa
Sardinhas assadas!
Sardinhas, assadas no carvão pelo Sr. Jorge, d’O CALDO VERDE, na Madragoa. Sobre duas fatias de broa de milho biológica do Sr. Arlindo. E com uma salada – feita pela Marta – de pepino, diversas variedades de tomate (cereja, chucha, amarelo, kumato e coração-de-boi), cebolinha e, ainda, flores de coentros da Quinta do Arneiro.
Efetivamente, tal como a acidez da uva tinta liga bem com a sardinha – cortando o seu sabor forte e a sua gordura – também a acidez de um fruto igualmente encarnado como a romã desta Pomegranate Berliner Weisse da MUSA funciona lindamente com a particular untuosidade das sardinhas assadas!
Um brinde
Ao Santo António!
A acidez da romã numa fresca Pomegranate Berliner Weisse
Ver também:
Soalheiro Mineral Rosé 2019
Habitualmente, um rosé é feito a partir de uvas tintas – resultando, aliás, essa sua cor rosada não da mistura de uvas brancas e tintas, mas antes do facto de o mosto (ou sumo) das uvas tintas ficar durante um breve período de tempo em contacto com as películas (ou cascas das uvas) antes de fermentar como os brancos, ou seja, sem as películas.
Porém, também existem rosés em que predominam as uvas… brancas!
Como sucede com o desafiante Soalheiro Mineral Rosé!
Cuja nova edição – a terceira – é já da colheita de 2019.
Com efeito, juntando a inovação à tradição e dando uma nova expressão ao terroir da Quinta de Soalheiro, este é um rosé criado pelo enólogo Luís Cerdeira a partir da casta Alvarinho!
Tem 70% de Alvarinho!
Alvarinho proveniente de vinhas de altitude, de modo a que a casta apresente uma dimensão mais intensa, mais fresca e mais mineral.
E Alvarinho ao qual Luís Cerdeira junta um surpreendente toque de... Pinot Noir!
De tal forma que a emblemática casta tinta da Borgonha, produzida na região dos Vinhos Verdes – embora não em Melgaço, mas junto ao Atlântico – contribui igualmente de forma decisiva para a frescura, estrutura e persistência deste delicioso vinho.
Um elegante rosé de cor salmão clara.
Que conjuga delicadas notas de frutos encarnados com a vertente mais floral do Alvarinho.
E que apresenta um final de boca sugestivamente mineral.
O segredo... do aumento da temperatura
Contudo, este rosé tem um segredo!
E esse segredo chama-se… temperatura!
Temperatura de serviço!
Efetivamente, por regra, um rosé deve ser servido à mesma temperatura de um branco – isto é, cerca dos 10 ºC.
Contudo, um branco de Alvarinho, para expressar todo o potencial da casta, deve ser bebido a uma temperatura um pouco superior à da maioria dos brancos – ou seja, deve ser bebido por volta dos 12 ºC ou 13 ºC.
(Sendo certo que essa temperatura de 12 ºC ou 13 ºC é quase o dobro da temperatura dos nossos frigoríficos caseiros…!)
Ora, se um branco de Alvarinho deve ser bebido a uma temperatura um pouco superior à dos brancos, então não deverá também um rosé de Alvarinho ser bebido a uma temperatura um pouco superior à dos rosés?
Não deverá então este original rosé de Alvarinho & Pinot ser também bebido entre os 12 ºC e os 13 ºC?
E a resposta é… sim!!!
Fizemos a experiência em casa, deixámos subir a temperatura do rosé e efetivamente, a uma temperatura mais alta, perdendo-se embora um pouco da sensação de acidez, ganha-se imenso em complexidade, em textura, em sabor!
O vinho fica extremamente guloso!
A uma temperatura um pouco mais elevada, este rosé transforma-se, fica outro vinho, torna-se viciante!
Apenas duas notas finais, muito práticas:
– Para quem não quiser estar com complicações de termómetros e medições de temperatura, é muito simples: depois de se retirar a garrafa do frigorífico, basta simplesmente não a colocar outra vez no frio… e ir antes acompanhando a deliciosa subida da temperatura!
– Quem não gostar desta experiência, tem sempre uma boa solução: é só voltar a pôr a garrafa no frio!
À mesa
Ora, com este guloso rosé, a Marta resolveu fazer duas deliciosas receitas da chef Anna Lins.
Umas grossas fatias de couve-lombarda assadas no forno, com vinagre balsâmico, queijo Parmesão com 24 meses de cura ralado (não tínhamos São Jorge) e, como erva fina picada, manjericão-canela da Quinta do Poial.
E também o recheio da Tarte Tatin de Chalota e Feta de Anna Lins: chalotas, queijo Feta, tomilho-limão e pimenta moída – tudo primeiro cozinhado na frigideira e, depois, finalizado no forno.
Um brinde
À “primeira marca de Alvarinho de Melgaço”!
Um rosé de Alvarinho (70%) & Pinot Noir (30%)
Tons de Duorum Rosé 2019
A mais recente vindima trouxe uma grande novidade ao projeto de João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco no Douro.
Um rosé!
O primeiro rosé do projeto Duorum!
Um vinho que veio alargar a gama Tons de Duorum.
Juntando-se ao branco e ao tinto.
O que faz com que passem a ser três os Tons de Duorum.
Foi produzido a partir de Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz, de modo a expressar o terroir que lhe dá origem.
Apresenta-se com uma cor salmão aberta.
Tem aromas de frutos encarnados e também notas vegetais.
Um bom volume de boca.
E uma excelente acidez.
Prolongando-se num final longo e persistente.
À mesa
Bastante sério e gastronómico, o primeiro rosé do projeto Duorum acompanhou muito bem um prato de fusilli integral bio, envolvido com uma untuosa conserva caseira de tomate-coração-de-boi desidratado – trazido da banca do Sr. Libério, no Mercado Biológico do Príncipe Real, no verão passado – que a Marta tinha então feito com azeite e orégãos. Para finalizar, por cima, ralámos queijo Parmigiano Reggiano, com 24 meses de cura.
Um brinde
Ao Douro!
O primeiro rosé do projeto Duorum
Ver também:
– O primeiro rosé do projeto Duorum (2020)
– 25 anos de João Portugal Ramos (2017)
– Visita à Quinta de Castelo Melhor (2015):
– Visita à Quinta de Castelo Melhor (2013):
Bohemia Pilsener Cevada do Alentejo
A Bohemia acaba de lançar uma versão da sua Pilsener feita com cevada produzida exclusivamente no Alentejo!
Porém, a receita mantém-se inalterada.
A cevada da Pilsener é que passa a ser 100% alentejana!
Constando agora essa referência expressamente no próprio nome da cerveja – “Bohemia Pilsener Cevada do Alentejo” – bem como nos rótulos e nas embalagens, que incluem também a imagem de um sobreiro e o padrão das típicas mantas alentejanas.
Sendo muito interessante notar que esta novidade – apesar de ter tido como objetivo imediato apoiar a economia local e a agricultura portuguesa, em especial, a produção de cevada dística na região outrora conhecida como “o celeiro de Portugal” – insere-se igualmente na atual tendência de valorização e de regresso aos cereais portugueses!
Algo que se verifica não apenas na cerveja, mas também, por exemplo, no pão. Com efeito, conforme defende Diogo Amorim, da padaria GLEBA, “o pão, pelo menos o verdadeiro, tem como principal e maioritário ingrediente a farinha. Se esta tiver sido obtida a partir da moagem de cereal que é 100% estrangeiro, não acho que o devamos considerar verdadeiramente português”. Pois bem, com a cerveja passa-se o mesmo!
À mesa
Ora, sendo uma Pilsener, esta leve e refrescante Bohemia, de sabor suave, apresenta-se muito versátil à mesa. Deve ser bebida fresca – entre os 4 ºC e os 8 ºC, no máximo. E liga na perfeição com pratos simples e com petiscos.
Aqui em casa, combinou otimamente com uns camarões cozidos. Que fomos acompanhando com a deliciosa focaccia da OSTERIA de Chiara Ferro – que chegou a casa ainda morna e vem sempre com muito azeite e flor de sal – e também com tostas do saboroso pão de centeio do EPUR de Vincent Farges, que a Marta fez no forno e depois finalizou com a manteiga Marinhas.
Um brinde
Ao Alentejo!
Cevada 100% do Alentejo
Magma Verdelho branco 2018
Acaba de chegar dos Açores a colheita de 2018 do fascinante Magma, assinado pelos enólogos Anselmo Mendes e Diogo Lopes.
Um Verdelho dos Biscoitos, freguesia do concelho da Praia da Vitória, no lado norte da Ilha Terceira, cujas vinhas crescem em negros solos de lava, perto do oceano, e em curraletas, pequenas parcelas de terreno rodeadas por uns muros de pedra que tentam proteger as videiras do vento, do sal e da água do mar.
Pois bem, perante um cenário tão radical como o da viticultura dos Biscoitos, marcada pela forte influência atlântica e pelo solo de origem vulcânica, o que faz mesmo a diferença nos Vinhos Magma – e torna a suceder neste novo Magma 2018 – é a abordagem seguida por Anselmo Mendes e Diogo Lopes.
Com efeito, por um lado, os enólogos voltam a não entrar no jogo fácil de ir atrás daquilo que a casta não tem ou de tentar compensar aquilo que o terroir não dá – continua, pois, a não haver aqui quaisquer concessões às modernas notas florais ou às frutas tropicais!
Contudo, por outro lado, e não menos importante, também não há aqui o descompensado exacerbar das arestas da mineralidade, da salinidade ou da acidez, só porque o terroir dos Açores e dos Biscoitos o permitiria – de facto, o objetivo dos enólogos também não é fazer um vinho radicalmente mineral ou só salino ou com demasiada acidez!
Não!
Com bastante maturidade, aquilo de que Anselmo Mendes e Diogo Lopes vão em busca é tão-só um grande Verdelho dos Biscoitos!
Um vinho que expresse a casta Verdelho neste terroir atlântico e vulcânico!
Como volta a acontecer com o Magma 2018.
Austero, sério, contido.
Fresco e extremamente mineral.
Salino, profundamente salino.
Saborosíssimo.
Muito equilibrado.
Longo e persistente.
Um vinho, pois, que continua muitíssimo especial!
Único mesmo!
E que chega ao mercado com um PVP de 18 €.
À mesa
Ora, como é óbvio, este novo Magma 2018 é, mais uma vez, um branco extremamente gastronómico! Claro que o vulcânico Verdelho dos Biscoitos está tão delicioso que até pode ser apreciado a solo! Mas toda esta fortíssima mineralidade e salinidade pede claramente comida!
De modo que, aqui em casa, acompanhou maravilhosamente uma tépida salada de bacalhau e algas, plena de notas salinas e iodadas, inspirada na receita do chef Tiago Feio para a coleção “Mar Portuguez [sic] – Conservas de Chef”, que em 2017 era vendida semanalmente com o jornal Público. E que a Marta fez com um lombo de bacalhau demolhado e ultracongelado Riberalves, primeiro cozido e depois envolvido nas algas alface-do-mar e cabelo-de-velha, ambas frescas, e, ainda, na alga kombu, seca e escaldada. Algas às quais juntou chalotas picadas e alcaparras. Tendo depois temperado tudo com azeite. Por fim, salpicou a salada com trigo-sarraceno, previamente tostado em casa – como Tiago Feio gostava de fazer no LEOPOLD, para intensificar a textura crocante e o sabor dos seus pratos – e, ainda, com alface-do-mar, seca e em pó.
Um brinde
Aos Açores!
100% Verdelho dos Biscoitos
Primal Cream
A mais recente cerveja da – sempre dinâmica – MUSA resulta de uma colaboração com a Partizan Brewing, microcervejeira de Londres.
É uma edição limitada.
E chama-se Primal Cream.
Sendo uma Coconut Cream Ale.
Uma Ale muito suave, leve e equilibrada.
Bastante cremosa.
Com notas, ligeiramente doces, de coco.
E também de laranja.
Dizendo a MUSA que é... “a versão cervejeira de um Pão de Deus”!
E, de facto, traz-nos à memória esse famoso pão brioche, com cobertura de coco e açúcar em pó, da pastelaria portuguesa!
Encontrámo-la este sábado na MUSA DA BICA – tinha chegado na véspera.
O nome é um trocadilho com os Primal Scream.
E a imagem do rótulo evoca a colorida capa do terceiro álbum de estúdio do grupo escocês, o lendário Screamadelica, de 1991.
À mesa
Tendo a cerveja, à noite, acompanhado maravilhosamente uns camarões salteados – com alecrim, alho e bastante malagueta – que a Marta fez seguindo a receita do chef Vítor Sobral para o clássico petisco da TASCA DA ESQUINA.
Ao longo do jantar, em fundo, os Primal Scream!
Um brinde
“We're gonna have a good time”!
Coconut Cream Ale
Herdade Grande Gerações branco 2018
Na Herdade Grande há um vinho que celebra as pessoas e o percurso centenário deste projeto familiar.
O Gerações, branco e tinto.
Um vinho que honra o contributo de cada geração para aquilo que são hoje os vinhos da Herdade Grande.
E, em especial, o papel decisivo de António Lança nestas últimas décadas.
Efetivamente, foi com a 3.ª geração que, a partir dos anos 80 do século passado, se deu uma profunda reconfiguração da Herdade Grande, com o aumento da área de vinha e com a aposta numa maior diversidade de castas, nacionais e estrangeiras.
Um experimentalismo que trouxe, pois, novas expressões ao terroir da Vidigueira.
E que está espelhado no Gerações.
Pandemia, novo sentido
Porém, de forma inesperada, a pandemia acabou por dar todo um novo sentido à mais recente edição do Gerações.
De facto, para este produtor, um dos efeitos da quarentena foi precisamente o isolamento ter sido feito na própria Herdade Grande.
E reunindo toda a família.
Avós, pais, filhos e netos.
Ou seja, a pandemia reuniu na Herdade Grande... todas as atuais gerações da Herdade Grande!
Mas mais.
Conforme explicou a Diretora-Geral Mariana Lança, o confinamento em família fez também com que todas essas gerações se envolvessem diretamente na atividade diária do projeto familiar.
Incluindo as crianças!
Que representam já a quinta geração!
E que desenharam um arco-íris de esperança junto aos portões da herdade.
O qual passou a marcar o ponto de recolha dos vinhos.
E foi depois transposto para um cartão que começou a ser incluído em cada uma das caixas que saía do armazém!
Sendo que um dos lançamentos que ocorreu durante a quarentena foi precisamente... o Gerações!
Ou seja, nesta pandemia, o Gerações ganhou um novo sentido!
Envolveu mesmo e de forma literal... todas as atuais gerações!
De facto, nada melhor do que as novas colheitas do Gerações... para representar o contributo de todas as gerações da Herdade Grande!
Branco 2018
Ora, das novas colheitas do Gerações, começámos por provar o branco.
Tem um PVP de 9,95 €.
É da vindima de 2018.
E continua a ser um estimulante – e pouco comum – lote de Verdelho e Alvarinho.
Verdelho sem madeira.
E Alvarinho com madeira.
Porém, o mais fascinante neste novo Gerações branco de 2018 é mesmo o cuidado que Diogo Lopes dedica à sedosa textura do vinho.
De tal forma, aliás, que, ao apresentá-lo, é precisamente nesta dimensão da textura que o enólogo da Herdade Grande coloca o acento tónico:
«É um lote de Verdelho e Alvarinho, integrando duas texturas que trabalhámos:
– O Verdelho fermentado em inox, a transparecer a sua expressão interessantíssima neste terroir, proporcionando a fruta e a frescura muito particular;
– E o Alvarinho fermentado em barrica, a proporcionar corpo, volume e untuosidade.»
Confirmando-se, pois, ser um branco intenso e complexo.
Em que, de forma bastante agradável, o que sobressai é a fruta cítrica – só se subirmos a temperatura, nomeadamente não usando frappé, é que começam a surgir notas mais tropicais.
Demonstrando imensa frescura – tem uma ótima acidez.
E apresentando também um ótimo corpo – é um branco denso na boca, provocando uma agradável sensação de volume e textura.
Sendo igualmente muito saboroso.
E tendo um final persistente.
À mesa
E que, à mesa, acompanhou muito bem dois queijos trazidos da QUEIJARIA de Pedro Cardoso – o Lola Montez, com 120 dias de cura, e o Comté, com 36 meses de maturação. Bem como dois pães do EPUR, do chef Vincent Farges, um de centeio, outro de mistura. Pickles de cebolinhas e de cenouras baby, feitos pela Marta em novembro passado. Frutos secos. E ainda a Marmelada Branca de Odivelas.
Um brinde
“Vamos todos ficar bem!”
Verdelho em inox & Alvarinho em barrica
Ver também:
Pôpa Black Edition tinto 2017
Os irmãos Vanessa e Stéphane Ferreira, da Quinta do Pôpa, gostam de dizer que os Black Edition, branco e tinto, são «o prêt-à-porter dos vinhos Pôpa, pela representatividade dos modelos de experimentação vitivinícola rigorosos e dispendiosos, aplicados nos topos de gama, aqui oferecidos a um patamar de preço médio».
De facto, o PVP ronda os 14 €.
Porém, apesar de não serem propriamente “alta-costura”, os blends Black Edition, assinados pelo enólogo João Menezes, são mais sérios e expressivos do que os UnOaked, acabando por representar também um pouco daquilo que são os topos de gama Pôpa.
Como volta a suceder com o mais recente tinto Black Edition.
Que é da precoce vindima de 2017.
E que, apesar de o ano ter sido quente e seco, está bastante fresco e sedutor.
Sendo um lote de Touriga Nacional e Touriga Franca em partes iguais, complementado com 20% de vinha velha.
Que estagiou, parcialmente, durante mais de um ano, em barricas de carvalho francês.
Tendo sido engarrafado em julho de 2019.
Um vinho do Douro muito pronto e elegante, pensado para agradar em qualquer ocasião!
À mesa
E que acompanhou muito bem um bolo do caco de batata-doce da padaria biológica Quinoa, recheado com um gelatinoso lombo de bacalhau demolhado e ultracongelado Riberalves cozido e a lascar, regado com muito azeite, alho (não apenas cru e laminado, mas também confitado, cá em casa, pela Marta), cebola roxa salteada, rodelas de ovo cozido da Quinta do Poial e, ainda, com um piso de coentros, feito pela Marta seguindo a receita que Pedro Mendes, chef do Marmòris, nos tinha dado em Vila Viçosa.
Um brinde
Big cheers!
Sério & Expressivo, com estágio parcial em barrica
Ver também:
Rosa da Mata tinto 2016
Uma das mais interessantes marcas que ficou dos convites destes últimos anos para integrar o júri do concurso de vinhos da Feira do Vinho do Dão, em Nelas – e que, desde então, se tem continuado a projetar para o futuro – foi a descoberta do trabalho da enóloga Patrícia Santos.
A descoberta do seu trabalho com Anselmo Mendes, especialmente no Quinta de Silvares.
A descoberta do seu trabalho com os produtores a quem presta consultoria – em especial, os do Dão, nomeadamente a Quinta da Ramalhosa e a Quinta da Tapada, bem como, aliás, os vinhos Primado, apesar de neste caso, por questões logísticas, nunca se ter chegado a concretizar a visita à quinta.
E também, claro, a descoberta do seu trabalho com o seu próprio vinho, com o seu vinho pessoal – o “Rosa da Mata”, homenagem de Patrícia Santos à sua Avó Rosa.
Um elegante e gastronómico varietal de Alfrocheiro do Dão!
Pleno de frescura e de balsâmicos.
E cujas notas de bosque e de pinhal desta histórica edição inaugural de 2016 cortaram com elegância a gordura de um suculento peito de pato fumado, que tínhamos trazido de Copenhaga em março passado. O qual acompanhámos com crocantes chips de batata-doce biológica – levadas ao forno com alecrim da Quinta do Poial – e, também, com picles caseiros de beterraba, já do ano de 2017.
Tendo depois o delicioso Alfrocheiro acabado por se prolongar igualmente para a sobremesa! Fazendo também companhia às amoras frescas do mercado biológico do Príncipe Real. Aos morangos biológicos desidratados pelo Sr. Libério, que já tínhamos cá em casa desde o ano passado. E, ainda, às amoras brancas desidratadas, bem doces e saborosas.
Um brinde à Rosa da Mata!
100% Alfrocheiro do Dão
Ver também:
Quinta do Convento branco 1999
A surpreendente encomenda da Kranemann prometia.
«O monumento de histórias e vinhos que é a Quinta do Convento de São Pedro das Águias, onde a Kranemann Wine Estates se estabeleceu em 2018, permite-nos o privilégio de lançar no mercado alguns vinhos muito especiais. O nosso património de Porto desde logo a isso aponta. O que não esperávamos era esta fortuna de encontrar – e poder colocar no mercado – um vinho DOC Douro com 20 anos de evolução! Eis o Quinta do Convento branco 1999, literalmente descoberto nas catacumbas do nosso convento e que agora apresentamos como uma viagem muito particular pela expressão do nosso terroir.»
Porém, o percurso pelo vale do rio de montanha que é o Távora não se ficava por aqui.
«Paralelamente, e como contraponto, partilhamos o presente, o nosso Quinta do Convento 2018, o herdeiro mais recente desta verdadeira surpresa, quem sabe, a caminho de revelar também todo o seu potencial de evolução.»
Pois, não sei se vamos conseguir resistir duas décadas sem abrir o 2018.
De qualquer forma, por agora, a nossa prioridade foi mesmo para a descoberta do fascinante 1999.
Um branco com 20 anos, que o enólogo Diogo Lopes define assim:
«Robustez, personalidade e complexidade. Vinho de cor dourada, brilhante e atrativa. Aroma rico, intenso, mostrando uma grande evolução dos seus aromas terciários, boas notas especiadas, de marmelo, amendoadas e de laranja cristalizada, num conjunto de grande complexidade; uma acidez viva ao paladar, um vinho que mantém volume, untuosidade e riqueza aromática, levando a um bom final de grande persistência.»
Contudo, a Kranemann anunciou igualmente que, daí a uns dias, o seu enólogo iria fazer nas redes sociais uma apresentação ao vivo desta edição especial.
O que nos levou, então, a tomar duas decisões.
Uma, claro, foi a de aceitarmos o desafio do Diogo Lopes para assistirmos em direto à sua conversa com o sommelier Rodolfo Tristão e também com o André Ribeirinho, do Adegga MarketPlace, a plataforma digital onde o vinho está à venda.
A outra decisão foi relativa ao momento da nossa própria prova. Prová-lo em simultâneo com a apresentação não faria sentido, seriam duas experiências conflituantes, ambas sempre em perda – ou não prestaríamos a devida atenção à transmissão ou não prestaríamos a devida atenção ao nosso vinho. Pelo que só restavam duas alternativas: antes ou depois. De facto, uma possibilidade interessante seria provar o vinho primeiro, ou seja, seria assistirmos à apresentação já com o vinho provado e com a nossa opinião já formada. No entanto, a nossa preferência foi a contrária, foi a de esperar um pouco, a fim de enriquecermos ainda mais a nossa experiência de prova com o contributo adicional de toda a informação que certamente resultaria dessa conversa online em torno dos vinhos Kranemann Wine Estates que iria ter como ponto de partida esta novidade do Quinta do Convento branco de 1999. De modo que, como a transmissão estava agendada para as seis da tarde, combinámos aqui em casa abrir então a nossa garrafa nessa mesma noite, ao jantar.
E assim foi.
Primeiro, vimos e ouvimos as impressões que Diogo Lopes trocou ao vivo na internet com os seus dois convidados – uma sessão muito interessante, que continua disponível aqui.
E, a seguir, avançámos para a mesa.
Ora, com um branco de 1999 – e de forma a que sobressaísse o vinho – a nossa escolha foi fazer um jantar de queijos. Queijos portugueses. Um Queijo de Azeitão DOP e um Queijo Picante da Beira Baixa DOP. E pão – o Trigo-Barbela e o Trigo-Espelta do Alentejo, ambos da GLEBA; o Pão de Azeitonas, da Ana Paula Moreira; e ainda umas finas crackers de centeio e sementes que tínhamos trazido no mês passado de Copenhaga, quando ainda se podia viajar. Mais diversas variedades de mini cenouras biológicas da Quinta do Poial, cada uma com a sua cor. Nozes de Galamares, dos meus Pais, que, como aprendemos com o chef Hiroki Abe do KAJITSU, estrelado japonês vegan de Nova Iorque, torrámos levemente no forno, de modo a ganharem ainda mais sabor e crocância. E, também, o envolvente toque doce e cítrico do Lemon Curd do Convento dos Cardaes.
Quanto à temperatura de serviço, apesar de haver quem goste de colocar os brancos antigos desde logo no frigorífico dos tintos, como aqui não estávamos a beber a copo, começámos um pouco mais abaixo – por volta dos 10 ºC – para irmos acompanhando, lentamente e sem frappé, a sua evolução ao longo de todo o jantar.
A abertura da garrafa – por vezes, uma dificuldade em vinhos mais antigos – decorreu sem sobressaltos. A rolha estava impecável.
Já o vinho, estava sublime!
Desde logo, muito vivo!
Com efeito, apesar de cada garrafa ser mesmo só uma garrafa – ainda para mais com vinhos antigos – tivemos a felicidade de a nossa ter superado maravilhosamente o teste do tempo!
Naturalmente que, passados tantos anos, já se foram aqueles aromas de fruta fresca – estamos a falar de um vinho cuja vindima decorreu em setembro de 99 e que esteve em garrafa desde junho do ano 2000!
Porém, o vinho mantém uma acidez vibrante!
E estes 20 anos deram-lhe uma extraordinária riqueza e complexidade!
Estando evoluído, virtuosamente bastante evoluído!
E tendo ligado muitíssimo bem com o jovem e amanteigado Queijo de Azeitão.
Assim como com o poderoso Picante da Beira Baixa, bem seco e salgado. Uma experiência de harmonização, aliás, que vamos fazendo algumas vezes com o 98 e o 99 dos nossos primos da Herdade do Cebolal. E que permitiu, mais uma vez, comprovar que este extraordinário queijo português, para além de funcionar otimamente com licorosos – nomeadamente, Porto e Madeira – também resulta de forma maravilhosa com brancos antigos de perfil extremamente evoluído.
Foi, pois, uma extraordinária viagem no tempo pelo terroir do vale do Távora!
Que, verdade seja dita, tornou-se ainda mais marcante dado 1999 ser para nós uma data muito especial – é o ano do nosso casamento. De facto, o vinho são histórias. Mas não são só as dele. São também as nossas.
Saúde!
Kranemann lança branco com 20 anos de evolução
Ver também:
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