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Fotografia: Hotéis Tivoli (2010)
Há um momento delicioso na entrevista de Enrique Pinto-Coelho a Luís Baena no MANIFESTO, quando, já sentados à mesa, cada um diante do seu prato preparado previamente pelo chef – uma exuberante sanduíche de salmão com lavagante e salada de tubérculos – e prontos para iniciar a degustação, o jornalista pergunta ao chef:
Para acompanhar este prato, qual é a tua sugestão?
E Luís Baena, imperturbável, em vez de falar do vinho que melhor harmonizaria com o prato, como estava implícito na pergunta, responde candidamente:
A minha sugestão era com esta redução de vinho tinto [e começa a verter o molho “beurre rouge” sobre o prato do jornalista] a que juntámos a manteiga – é uma manteiga dos Açores.
Vai acompanhar o prato na perfeição.
A desconcertante resposta de Luís Baena obriga o jornalista a repetir a pergunta, agora utilizando expressamente a palavra “vinho” para que não restassem dúvidas sobre o sentido da questão.
Uma sugestão de acompanhamento… Posso beber com qual vinho?
E então o chef Luís Baena aproveita a deixa para defender a sua arte e concretizar o que tinha ficado implícito, referindo que o essencial não é o vinho, é o prato:
Acho que há um bocado uma ditadura do vinho. Gosto muito de vinho mas o mundo do vinho tornou-se hoje em dia tão cliché… As pessoas abanam, cheiram… Dizem que cheira a isto, àquilo, aqueloutro…. E às vezes não se preocupam com o essencial…
MANIFESTO | Largo de Santos, 9 C, Lisboa, Portugal | Chef Luís Baena
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