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A nova garrafa Soalheiro, uma garrafa "menos" — menos alta, menos 19% de vidro, menos emissões de CO2 e, também, menos espaço ocupado na garrafeira e no frigorífico
A Soalheiro assume-se como “a primeira marca de Alvarinho de Melgaço”. Uma marca de referência em Portugal, claro. Mas também, cada vez mais, uma marca de referência no estrangeiro! Não sendo raro, aliás, nos grandes restaurantes do mundo – onde naturalmente já pontificam Portos e Madeiras – ser um Soalheiro o único vinho tranquilo português escolhido para integrar o wine pairing. Como sucedeu, por exemplo, no duas estrelas KOKS, do Chef Poul Andrias Ziska, nas remotas Ilhas Faroé (conforme contámos aqui).
Ora, uma das imagens de marca dos Alvarinhos Soalheiro é, precisamente, a garrafa – alta e esguia, fina, elegante, distinta.
Sucede que a mais recente edição do clássico Soalheiro Alvarinho – a de 2020 – traz a enorme novidade de surgir… numa nova garrafa!
Uma garrafa desenvolvida em exclusivo para a Soalheiro.
E que, até ao final do ano, abrangerá 90% da produção da “primeira marca de Alvarinho de Melgaço”.
Uma nova garrafa que – devido à crescente preocupação e consciencialização ambiental – é, também, uma garrafa “menos”.
Daí que a grande questão que se poderia colocar fosse a de saber se esta nova garrafa Soalheiro – apesar de mais amiga do ambiente e mais sustentável – manteria ainda a identidade Soalheiro.
Ou seja, se esta nova garrafa continuaria verdadeiramente a ser “uma garrafa Soalheiro”.
E a resposta é positiva, só pode ser positiva!
De facto, olhando apenas para a garrafa, verifica-se desde logo que o novo formato, apesar de menos alto (e consequentemente um pouco menos esguio), mantém a linha e a identidade da garrafa anterior, agora numa versão mais equilibrada, mais harmoniosa e mais funcional.
Uma sensação, aliás, que depois sai bastante reforçada quando colocamos a nova garrafa ao lado da antiga.
Efetivamente, não há uma rutura entre as duas garrafas.
O que existe é, antes, um padrão de continuidade e evolução.
Pelo que só se pode concluir que a nova garrafa continua a ser – inequivocamente – “uma garrafa Soalheiro”!
A antiga… e a nova garrafa Soalheiro
Ver também:
Casa Ferreirinha Touriga-Fêmea Tinto 2016
As principais marcas da histórica Casa Ferreirinha, no Douro, têm uma enorme pujança comercial e são sobejamente conhecidas do grande público – abrangendo, aliás, uma vasta gama de vinhos, que começa nos jovens Esteva e Planalto, passa pelos mais complexos Papa Figos, Vinha Grande e Callabriga, e vai até aos extraordinários Quinta da Leda, Antónia Adelaide Ferreira e Reserva Especial, culminando naturalmente no mítico Barca-Velha.
O que já não é tão conhecido – porém – é o lado experimental da Casa Ferreirinha!
E, em especial, a sua aposta em castas raras e menos comuns, em castas tradicionais da região demarcada do Douro que, com o passar dos anos, foram caindo em desuso.
Aposta essa que em 2008 levou inclusivamente a Casa Ferreirinha a também plantar na Quinta do Seixo variedades antigas como Donzelinho, Tinta Francisca ou Touriga Brasileira.
Mas não só!
Com efeito, a Casa Ferreirinha, para além de aproveitar estas castas menos usuais do Douro para afinar os seus lotes, por vezes, também as utiliza… para fazer vinhos varietais!
Pequenas produções, como é óbvio.
E edições limitadas.
Mas, cada vez mais, disponíveis também para o público em geral.
Por exemplo, da colheita de 2015, saiu o Tinta Francisca.
E agora, da vindima de 2016, também com uvas da Quinta do Seixo, chegou ao mercado, em novembro de 2020, o Touriga-Fêmea.
100% Touriga-Fêmea.
Casta que – apesar de não ter vindo do outro lado do Atlântico – é também conhecida no Douro como Touriga Brasileira.
Explicando o contrarrótulo que a «Touriga-Fêmea é uma casta rara resultante do cruzamento entre Touriga Nacional e Malvasia Fina».
Tão rara, na verdade, que, prossegue o texto, «existem menos de 40 hectares desta casta plantados em Portugal».
Para depois concluir que, «respeitando a tradição das especialidades da Casa Ferreirinha, este é um vinho exclusivo, de qualidade excecional».
Com efeito, de acordo com Luís Sottomayor – enólogo responsável pelos vinhos da Sogrape no Douro, à qual a Casa Ferreirinha pertence desde 1987, e que também assina mais esta nova “especialidade” da Casa Ferrerinha – o «Casa Ferreirinha Touriga-Fêmea é um vinho vivo e elegante, que vem revitalizar uma casta tradicional, mas um pouco esquecida para a maioria dos apreciadores de vinhos do Douro».
«Ainda que menos comum – acrescenta – esta casta traz aos vinhos um caráter intenso e elegante, bem patente neste vinho de 2016».
Sendo esta a nota de prova do enólogo, feita ainda em 2019 – o vinho foi engarrafado em junho desse ano:
«Apresenta cor rubi profunda, um aroma intenso e complexo, com notas de frutos secos, como o figo, a amêndoa e a avelã, notas arbustivas, ligeiros frutos de caroço, frutos vermelhos frescos, com presença de madeira discreta e muito bem integrada. Na boca, tem uma acidez muito viva, que lhe confere intensidade, taninos firmes de boa qualidade e notas arbustivas, frutos vermelhos frescos. O final é longo e elegante.»
Touriga Nacional e Malvasia Fina, as duas castas cujo cruzamento originou a Touriga-Fêmea
Provado em casa
Entretanto, já no passado mês de dezembro de 2020, foi então com enorme expectativa que provámos, em casa, a nossa amostra do Touriga-Fêmea de 2016.
Claro que o ideal seria certamente esperar mais uns anos. Com efeito, apesar de a Casa Ferreirinha referir que «o vinho está pronto a consumir», também acrescenta que, «no entanto, irá beneficiar de um estágio em garrafa entre 5 a 8 anos, mantendo-se no seu melhor por vários anos». E o nosso acabou por estar engarrafado apenas um ano e meio. Mas, se não o abríssemos, não o conseguiríamos provar… E a verdade é que o vinho (embora, como é evidente, precise sempre que lhe dêem um pouco de tempo para respirar) efetivamente – tal como dizia a Casa Ferreirinha – mostra-se, desde já, muito pronto!
De qualquer forma, na nossa prova, o mais fascinante, o que mais ressaltou, foi mesmo verificar que este vinho cumpre integralmente o desígnio da Casa Ferreirinha.
Cumpre – desde logo – o objetivo da Casa Ferreirinha de produzir vinhos Douro DOC de grande qualidade. Como é indiscutivelmente o caso deste Touriga-Fêmea. Um grande vinho do Douro, feito exclusivamente a partir de uma casta que, apesar de menos usual, faz parte do património da região, demonstrando a extraordinária riqueza e diversidade dos terroirs da Casa Ferreirinha. Algo que tem ainda mais valor dada a tradição da região – e da Casa Ferreirinha – ser o vinho de lote e não o monocasta.
Mas não só!
Cumpre também o lema da Casa Ferreirinha de ter «em cada vinho uma história»! Efetivamente, com este Touriga-Fêmea, não se verifica apenas o caso de o vinho ter uma história por trás – que tem. Como também têm, aliás, muitos outros vinhos. Porém, o que mais fascina neste Touriga Fêmea é que – para além de ter essa história por trás – ao provarmos o vinho, sentimos mesmo essa sua história!
A prova confirma a história!
A prova torna a história verosímil!
Ou então, dito de outra forma, a história deste vinho é tão marcante que, ao prová-lo, conseguimos comprová-la.
Conseguimos senti-la.
Conseguimos sentir a origem desta variedade de uvas.
E conseguimos perceber a razão de ser do seu nome.
Efetivamente, ao provar este varietal de Touriga-Fêmea conseguimos perceber a história de esta casta ser o resultado do cruzamento entre a tinta Touriga Nacional e a branca Malvasia Fina. É quase um Touriga Nacional, mas, na verdade, não é bem (não é mesmo) um Touriga Nacional. É menos exuberante, tem menos estrutura, tem menos corpo!
E mais!
Ao provar o vinho, também conseguimos perceber a história do nome da casta, a razão pela qual foram dados a esta casta tinta os nomes de Touriga Brasileira e Touriga-Fêmea – de facto, sente-se que estamos perante uma Touriga… mais suave, mais elegante, mais delicada, mais feminina!
Sendo certo que isto, naturalmente, não resulta apenas da casta – é, acima de tudo, mérito do enólogo Luís Sottomayor e da sua abordagem minimalista, a qual permite que o vinho expresse verdadeiramente a variedade de uva que está na sua origem. Um trabalho que começa na vinha e prossegue na adega. E em que todos os pormenores contam – desde a cuidada seleção dos cachos ao ligeiro esmagamento, passando pela suave maceração e pelo longo estágio de 24 meses em madeira, mas recorrendo a barricas usadas de carvalho francês de 225 litros. Tudo, sempre de modo a que este varietal seja uma expressão da casta e, mais ainda, fazendo jus ao lema da Casa Ferreirinha, seja também uma expressão da própria história da casta! Nomeadamente quanto à sua origem e quanto ao seu nome!
Um vinho raro e fascinante, do qual foram produzidas apenas 1324 garrafas, com o PVP recomendado de 62,50 €.
Casa Ferreirinha Touriga-Fêmea Tinto 2016
Ver também:
Agosto de 2020 – Chefe Louis Anjos e Subchefe Ricardo Luz
A palavra “apertelência” não vem no dicionário.
Porém, é um regionalismo que, no Algarve, significa “ousadia”, “atrevimento”.
E foi precisamente esse o nome dado ao menu de resposta à pandemia que o BON BON apresentou após o desconfinamento de 2020 e que chegou a lotar o restaurante durante o verão: “Menu Apertelência”.
Menu que, depois, ganhou um significado ainda mais especial após o termo da temporada de 2020 e o anúncio da renovação da Estrela Michelin do BON BON para 2021, quando foi tornada pública a saída do Chef Louis Anjos para o resort PALMARES, em Lagos.
Com efeito, este “Menu Apertelência” acabou então também por ser… o último menu de Louis Anjos no BON BON, o último menu destes três intensos anos de Louis Anjos no BON BON!
Um menu novo, completamente diferente daquele que Louis Anjos tinha concebido antes do início da pandemia.
E talvez o mais algarvio dos menus de Louis Anjos, o de sabores mais algarvios.
Um menu do qual ficam na memória, desde logo, dois pratos absolutamente extraordinários!
Dois pratos – em nossa opinião – ao nível dos melhores de sempre de Louis Anjos:
– “Uma Noite de Arraial”, elegante e complexa criação à volta dos sabores tradicionais da sardinha, do tomate e do pimento, que incluía nomeadamente um parfait verde de ovas de sardinha, de sardinha assada e de pimentos verdes, e, ainda, um aro encarnado de salada montanheira, bem como, à parte, para além do azeite Monterosa, uma broa de milho recheada com tomatada de sardinha; e
– “Memórias de um Cozido de Monchique”, comprovando a excelência dos pratos de carne de Louis Anjos – simultaneamente poderosíssimos de sabor e extremamente leves – e reafirmando a sua tese de que “o Algarve não é só praia”… nem é só mar, aliás, pelo que também a Serra do Algarve tem lugar à mesa dos restaurantes Michelin e dos fine dinings!
Menu Apertelência
Soalheiro Espumante Bruto Nature Pur Terroir Alvarinho 2016
“Cenoura Algarvia e Azeitona”
“Ostra e Choco”
“Alcagoita e Pipis” – três falsos amendoins, feitos com manteiga de amendoim e mousse de galinha; pastel de massa tenra com recheio de pipis
“Uma Noite de Arraial”
“Feijoada de Bivalves, Ova de Polvo e Muxama de Atum”
“Azevia, Lingueirão e Batata”
“Num Assado à Portuguesa” – Cherne
“Polvo e Cabeça de Xara”
Vinha Paz Reserva Tinto 2016
“Memórias de um Cozido de Monchique”
“Começamos Novamente?” – sorbet de cenoura e bolo de azeitona
Chefe de Sala Magda Martins e o Niepoort Dry White
“Figo, Queijo de Cabra e Vinho do Porto”
“Guloseimas”
Subchefe Ricardo Luz (Chefe Cozinheiro do Ano 2019) e Chefe Louis Anjos (Chefe Cozinheiro do Ano 2012)
Muito obrigado pela oferta da broa recheada com tomatada de sardinha, no dia seguinte continuava maravilhosa!
BON BON
Ver também:
Quinta do Convento Tinto 2018
2018, o ano em que o enófilo de origem alemã Christoph Kranemann adquiriu a Quinta do Convento de São Pedro das Águias, no Vale do Távora, em Tabuaço, foi também o ano da prometedora primeira vindima da Kranemann Wine Estates.
Um ano de estreia que, até ao momento, já nos tinha dado os Quinta do Convento Branco colheita e reserva, e, bem assim, os Hasso Branco e Tinto, tal como a declaração Porto Vintage para a marca Kranemann.
E que nos continua a trazer boas novidades!
Com efeito, da principal marca de vinhos DOC Douro da Kranemann, acaba de ser lançado o Quinta do Convento Tinto 2018.
O qual sucede ao 2016, feito já pela equipa Kranemann mas ainda a partir de vinhos então disponíveis em adega.
Ou seja, este é o primeiro Quinta do Convento Tinto nascido integralmente no âmbito do projeto Kranemann Wine Estates.
Um lote de três castas tradicionais do Douro – Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca – em partes iguais e provenientes de vinhas com uma média de 30 anos de idade, assinado pelo enólogo Diogo Lopes e por Maria Susete Melo, enóloga residente da Kranemann.
Explicando Diogo Lopes que, no Quinta do Convento Tinto 2018, «procurámos essencialmente salvaguardar a identidade que nos oferece o terroir de altitude do Vale do Távora e, em particular, da Quinta do Convento de São Pedro das Águias».
Com efeito – prossegue o enólogo – «este vinho evidencia a fruta típica do Douro, mostra notas de esteva, mas mantém a acidez que lhe confere uma frescura muito especial».
«Estagiou 9 meses em barricas [de carvalho francês] de segundo ano».
Foi engarrafado em julho de 2020.
«E o resultado – conclui – é um vinho muito fresco e elegante, de taninos finos».
Marcando uma evolução relativamente ao 2016.
Conforme recorda o enólogo, «quando iniciámos o projeto Kranemann, engarrafámos um primeiro Quinta do Convento, de 2016, integrando um excelente lote de vinhos já existente em adega».
«Creio, agora, que vamos um pouco mais além, em busca dessa frescura tão emblemática do nosso terroir», remata Diogo Lopes.
Efetivamente, estamos perante um tinto que nos mostra a enorme frescura e elegância do Vale do Távora!
E também dos vinhos assinados pelo Diogo Lopes!
Gerando ainda enorme expectativa sobre o – também de 2018 – futuro Reserva tinto!
Sendo uma edição de 6660 garrafas, com o PVP recomendado de 11,90 €.
Quinta do Convento Tinto 2018
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