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Gewurztraminer no terroir da Quinta de Cidrô

por Raul Lufinha, em 22.10.13

Quinta de Cidrô Gewurztraminer branco 2012

Os vinhos monovarietais são particularmente úteis e pedagógicos para o consumidor, porque lhe permitem identificar as características das respectivas castas.

Mas conseguem ser ainda mais estimulantes quando um produtor tem um terroir que é capaz de moldar essas castas.

Aí, o principal motivo de interesse deixa de ser o conhecer a casta original – para isso haverá certamente muitos outros produtores – para passar a ser o apreciar como as características originárias da casta são alteradas por esse terroir.

Ora, é precisamente o que sucede com o Quinta de Cidrô Gewurztraminer 2012, monovarietal produzido no Douro a partir de uma casta branca típica da Alsácia.

Com efeito, conta a famosa crítica de vinhos Jancis Robinson, a partir da sua própria experiência, que a casta Gewurztraminer costuma ser uma grande paixão dos apreciadores principiantes devido à sua opulência e à facilidade com que é reconhecida, em virtude de ter uma cor muito carregada e de ser extremamente perfumada, com aromas a líchias e a rosas.

Não sendo raros os casos em que origina vinhos com alto teor de açúcar e reduzida acidez, que até funcionam bem à mesa, nomeadamente com comidas mais salgadas – por exemplo, no ALDEA George Mendes conjuga-o com um dos seus pratos mais emblemáticos, o “Shrimp Alhinho”: camarões fritos com alho, colorau e açafrão.

Contudo, o que é interessante verificar é que na duriense Quinta de Cidrô a casta muda completamente o seu perfil e, embora mantenha as características florais, ganha o carácter dos brancos do Douro em termos de estrutura, mineralidade e acidez.

De modo que se torna um vinho seco, austero, com elevada acidez.

Menos fácil e bastante mais estimulante.

A jovem Jancis Robinson certamente não se teria apaixonado por ele... ao contrário, presumo, da actual... 

Inclusivamente ao nível da harmonização com a comida não é um vinho fácil. Já se tornou um lugar comum dizer que o Gewurztraminer conjuga bem com comida oriental – o que, até sendo verdade (desde o sushi até aos picantes) não diz tudo, especialmente na versão da Quinta de Cidrô, que também funciona bem com peixes ou saladas.

Na verdade, o que o Gewurztraminer precisa é de uma comida que não se deixe abafar por um vinho tão poderoso.

E tão bom. 

Fotografias: Marta Felino / Flash Food

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publicado às 03:15



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